Associação da Serra da Estrela apoiou cinco mil animais com alimentação após incêndio
Guardiões da Serra da Estrela responderam às “necessidades urgentes das comunidades pastoris” e “nenhum dos rebanhos da área afectada” pelo incêndio na Serra da Estrela “está a passar fome”, garantem.
A Associação Guardiões da Serra da Estrela respondeu às “necessidades urgentes das comunidades pastoris”, devido ao incêndio que atingiu o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), e já apoiou 5399 animais de 108 pastores do território.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a associação referiu que, até sexta-feira, conseguiu “suprir todas as necessidades que foram detectadas, pelo que nenhum dos rebanhos da área afectada do PNSE está a passar fome, a sentir necessidades urgentes ou sem os cuidados veterinários de emergência”.
“Distribuímos com sucesso 123,2 toneladas de comida, a 108 pastores que contactámos e apoiámos, representando aproximadamente 5399 animais apoiados, distribuídos por 19 freguesias em seis concelhos”, acrescentou.
Segundo a associação, o trabalho foi realizado em regime de total voluntariado, recorrendo “apenas à boa vontade e dedicação daqueles que se sensibilizaram” com a causa, “em defesa da continuidade da pastorícia e das comunidades de montanha, doando géneros e dinheiro, ou o seu tempo e energia”.
A Guardiões da Serra da Estrela irá continuar a encaminhar todos os donativos recebidos em géneros para os centros de logística dos municípios e das freguesias, “garantindo que os mesmos chegarão a quem ainda não tem garantidas as suas reservas”, e até ter a certeza de “que todos os rebanhos terão a necessária alimentação até ao regresso dos pastos”.
“A partir de hoje, e nos longos tempos que se avizinham, é nossa decisão primar pela continuação dos esforços nas urgências expectáveis, e, em primeiro lugar, pela activação de planos de apoio às acções urgentes de estabilização de solos e protecção de linhas de água”, indicou.
Neste âmbito, são objectivos, da associação, apoiar e desenvolver, em conjunto com os baldios e produtores afectados, acções nas áreas prioritárias de intervenção, disponibilizar informação e aconselhamento técnico aos proprietários afectados sempre que se demonstre necessário fazendo a ponte para especialistas parceiros e acompanhar e monitorizar os planos e acções desenvolvidas pelas autoridades competentes.
“É também nossa intenção preparar, desde já, o desenvolvimento de viveiros de germinação de flora autóctone para o qual já estabelecemos contactos, por forma a antecipar a necessidade futura de plantas para reposição e reconversão sustentável do PNSE”, lê-se.
A colectividade referiu, ainda, que os seus elementos irão manter a “efectiva presença junto da comunidade agro-pastoril da serra da Estrela, dedicando particular atenção às comunidades afectadas pelos incêndios deste Verão”, dando continuidade ao apoio veterinário, na elaboração de candidaturas, na recuperação de pastagens, nascentes e linhas de água, e em todas as necessidades que sejam constatadas no terreno.
A serra da Estrela foi afectada por um incêndio que deflagrou no dia 6 em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13. O fogo sofreu uma reactivação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
Na quinta-feira, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos. A situação de calamidade foi publicada esta segunda-feira em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respectiva área geográfica”.