Adalberto Costa Júnior critica aproveitamento político no funeral de José Eduardo dos Santos

O presidente da UNITA censurou as “mensagens dos partidos políticos” no funeral de José Eduardo dos Santos, que decorre este domingo em Luanda. Sobre os resultados das eleições, garantiu que há mandatos que vão ser “necessariamente” retirados ao MPLA.

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Adalberto Costa Júnior falou aos jornalistas à margem do funeral de José Eduardo dos Santos Reuters/STRINGER

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, admitiu este domingo que não foi “uma decisão fácil” comparecer nas cerimónias fúnebres do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e acusou os partidos presentes de aproveitamento político. Em relação às eleições que deram esta semana a vitória ao MPLA, acredita que os resultados finais da CNE ainda vão atribuir mais mandatos à UNITA.

“Não foi, devo dizer, uma decisão fácil, dado o facto de termos aqui chegado com tanta falta de tranquilidade e a ausência de uma parte da família”, confessou, em declarações à imprensa, à margem do funeral do antigo chefe de Estado, que decorre este domingo em Luanda.

Questionado pelos jornalistas sobre se houve aproveitamento político por parte dos partidos presentes na cerimónia, o candidato derrotado nas eleições angolanas afirmou que assistiu a “alguns excessos partidários”.

“Não me parece que coubesse numa cerimónia destas as mensagens dos partidos políticos. Quando se trata do Estado, o Estado deve representar-nos a nós todos e estes ainda são os desafios que Angola tem pela frente”, considerou. “Mas independentemente disso, acho que fizemos bem em ter vindo cá”.

Sobre os resultados das eleições, que deram a vitória ao MPLA, Adalberto Costa Júnior sublinhou que “Angola não tem ainda os resultados definitivos”, reiterando que os dados das comissões provinciais “não estão conforme” os dados da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

“Os dados que nós temos [da CNE] atribuem-nos muito mais mandatos e esses, necessariamente, vão ser retirados ao MPLA”, assegurou, lembrando que a contagem paralela da UNITA “ainda não terminou”.

“Estamos tranquilos, estamos a fazer aquilo que devemos fazer e só podemos esperar que seja respeitado escrupulosamente o voto depositado nas urnas”, disse.

Caso a CNE dê a vitória ao MPLA, o líder da UNITA garante que aceitará a derrota: “a partir da altura em que aceitámos participar no jogo, temos de nos conformar com aquilo que as actas indicarem”. Mas não acredita que a CNE recuse “avaliar a revisão dos mandatos” e “assumir a eventual correcção dos mandatos”.

Sobre o facto de a CNE apenas ter aceitado formalmente uma reclamação da UNITA relativamente aos resultados das eleições, Adalberto Costa Júnior divulgou que “todas as reclamações entraram” nas comissões provinciais. E frisou que “a nível nacional, não têm de entrar porque não há resultados definitivos”.

De acordo com os resultados provisórios das eleições de Angola, o MPLA venceu com 51,07% dos votos, o que corresponde a uma representação de 124 deputados, e à reeleição de João Lourenço como Presidente, face aos 90 lugares garantidos pela UNITA, que chegou ao fim das contagens desta quinta-feira com 44,05% dos votos.

Depois de ter feito uma contagem paralela, a UNITA rejeitou os resultados anunciados pela CNE, por considerar que existem discrepâncias “brutais”, e apelou à criação de uma comissão de uma comissão de inquérito para comparar as actas síntese das assembleias da CNE com as actas sínteses dos partidos.

Em resposta, o porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, lembrou que ainda não eram conhecidos os resultados finais definitivos, mas admitiu a possibilidade de que “possam ocorrer algumas alterações”.

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