Ana Cabecinha marchou até ao oitavo lugar nos Europeus em dia de penalização

Portuguesa chegou a liderar a prova, depois perdeu o contacto com o grupo da frente e ainda sofreu uma sanção de dois minutos.

Foto
Ana Cabecinha terminou a prova em 1h31m56s RONALD WITTEK

Ana Cabecinha chegou a sonhar com as medalhas nos 20 km marcha dos Europeus de atletismo de Munique, mas no último terço da prova essa esperança ruiu e a portuguesa, que ainda sofreu uma penalização, terminaria na oitava. No final, referiu-se à sanção que sofreu como “um murro no estômago”.

A alentejana, de 38 anos, integrou um grupo de sete atletas que cedo se destacou na corrida sob chuva persistente, fazendo mesmo boa parte do trabalho na liderança. Um esforço que viria a pagar sensivelmente à hora de prova, quando começou a perder contacto com um trio mais consistente.

A grega Antigoni Ntrismpioti, a polaca Katarzyna Zdzielblo e a alemã Saskia Feige começaram a destacar-se das restantes até que, por volta dos 17km, a helénica atacou e ganhou vantagem decisiva, juntando assim este ouro ao que conquistou, categoricamente, na prova dos 35km.

Ana Cabecinha ainda beneficiou da desqualificação de uma rival ucraniana, mas, quando o quinto lugar parecia uma realidade, também ela seria obrigada a uma paragem a dois quilómetros do fim - aos 18km seguia a 33 segundos da primeira e um quilómetro depois a 2m41s -, que sentenciou definitivamente o seu desempenho, concluído em 1h31m56s, a 2m53s do ouro.

Antigoni Ntrismpioti impôs-se em 1h29m03s, com um recorde pessoal, batendo Zdzielblo por 17 segundos e Feige por 22.

“Foi um murro no estômago. Tenho mais de 20 anos de carreira e muitos mais de provas de marcha a nível internacional e só me lembro de no meeting de Huelva [Espanha] ter ido para a rua”, afirmou, no final, a marchadora portuguesa, visivelmente agastada com a situação.

Ana Cabecinha estava inconformada com o facto de, “pela primeira vez, ter parado à entrada da última volta”. “É injusto, é uma revolta muito grande e, quer queiramos quer não, ainda estava com muita força para ir à ucraniana que vinha em quinto. Infelizmente, fica um sabor amargo. À entrada da última volta parar dois minutos... mas, pronto, são as regras e temos de aceitar”.

Apesar de ter ponderado desistir, o sentido patriótico falou mais alto: “Não foi fácil e durante os dois minutos pensei em não continuar, nada naquele momento fazia sentido, mas é o nosso país e continuei”.