Tenho ouvido desabafos de pessoas que se desesperam quando chega o verão porque sabem que vão ficar esgotados e a precisar de férias das férias!

Ir de férias com crianças pequenas pode ser muito mais desgastante do que a rotina diária de trabalho dos pais. Tudo gira à volta das crianças, muitas vezes com menos horas de sono e com trabalho intenso, dado que é necessário cuidar da criança a tempo inteiro, incluindo banhos, refeições e, no caso de férias na praia, tralha que não acaba, desde roupas, comida, brinquedos, medicamentos, apetrechos para a praia (piscina do bebé, tenda, raquetes, balde), etc..

Os filhos são, para a maior parte das pessoas, sinónimo de gratificação e de felicidade, porém, quando pequenos, exigem uma atenção constante e não conseguem compreender que o descanso dos pais é fundamental para a saúde mental de toda a família.

É preciso que os pais acreditem que não têm de ser super-heróis e admitir que precisam descansar dos filhos por algum tempo. Não se preocupe, isto não é uma crítica, é natural que se sintam assim dada a exigência da parentalidade, essa sim é super!

Ultimamente tem havido mais abertura social para aceitar que as férias com filhos pequenos não combinam com descanso. Com isto em mente, os pais devem ponderar como podem criar uma bolha de proteção para si mesmos, conjugando férias em família durante alguns dias e sozinhos durante outros.

Mas para que isto seja possível, não podem permitir que a culpa ganhe poder e os convença de que ao deixarem os filhos com outra pessoa por alguns dias estão a desprezá-los ou a cometer um crime. O mais importante é conjugar o melhor para a criança e para si também. Se conseguirem férias com e sem as crianças, tanto melhor.

Pais stressados e irritados tornam-se hostis, impulsivos, instáveis e acabam por deixar a criança mais agitada, criando um ciclo de mal-estar geral. As discussões entre os casais podem ser mais frequentes nas férias em família por causa do stress, daí a importância de os pais terem um momento só seu, quer seja individual ou em casal.

Não se deixe levar pela culpa nem pela pressão social, desde que tenha disponibilidade para os seus filhos noutros momentos, não é nenhum crime ter um tempo só seu para descansar. Somos humanos e o descanso físico e mental é uma necessidade básica que deve ser atendida.

O descanso individual ou em casal não precisa implicar uma semana a dez mil quilómetros de casa, mas simplesmente fazer o que para si representa descanso. Afaste-se um pouco da azáfama das crianças e aproveite para ir a sítios onde elas não podem ou não gostam de ir.

Desligue-se dos aparelhos e principalmente das redes sociais e invista em atividades de bem-estar e prazer. Podem ser poucas, mas devem ser boas para si.

Mesmo com as crianças, deixe-se guiar pela liberdade de não ter horários tão rígidos e altere as rotinas cansativas. Os pais devem estar sintonizados nas decisões que tomam para evitar conflito frequente à frente das crianças.

A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990