Incêndio na serra da Estrela é “tragédia” ambiental
Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, adiantou que vai visitar a zona ardida quando o fogo terminar e sublinhou que o incêndio está a lavrar “num contexto de grande complexidade”.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, admitiu esta sexta-feira, 12 de Agosto, que o incêndio que deflagrou no sábado em Garrocho, no concelho da Covilhã, “é uma tragédia” ambiental e está a lavrar num “contexto de grande complexidade”.
“Quero transmitir esta mensagem de solidariedade às comunidades locais pela forma como se têm mobilizado e dar uma palavra aos bombeiros e a todas as forças e serviços da Protecção Civil” que têm combatido um incêndio que “é uma tragédia do ponto de vista do ambiente, da biodiversidade e do património ambiental”, disse José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas à margem da sessão solene de abertura do programa das festas do concelho de Ansião, no distrito de Leiria.
O incêndio deflagrou na madrugada de 6 de Agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.
Adiantando que irá visitar a zona ardida quando o fogo terminar, o ministro salientou que “o país está a empregar todo o conhecimento que tem na gestão de circunstâncias muito difíceis”. “Recordo como foi dito por um grande especialista da Universidade de Coimbra [Miguel Almeida, investigador da Universidade de Coimbra] que estão conjugados todos os factores críticos”, salientou.
José Luís Carneiro apontou as condições meteorológicas, a seca extrema, a massa floresta que desde 2003/2004 se foi acumulando e “a não existência de acessos ao interior da floresta” como um “contexto de grande complexidade”. Ainda segundo o ministro da Administração Interna, perante este contexto “só mesmo o espírito e a força de cooperação entre todas as forças e serviços, autarcas, comunidades locais, bombeiros, agentes, actores de toda a Protecção Civil” permite perspectivar que se possa, “tão breve quanto possível, encontrar solução para esse incêndio”.
Questionado sobre as declarações à Lusa do investigador Joaquim Sande Silva, que considerou que o incêndio que afecta a serra da Estrela também deve ser analisado por uma estrutura idêntica à criada após os fogos de há cinco anos, mas “a posteriori”, quando terminar, o ministro disse que o momento é “garantir o combate e conseguir debelar” o fogo. “Depois, como foi dito também pelo senhor primeiro-ministro, é estudar a forma como o incêndio se iniciou, como se desenvolveu, porque da avaliação deve resultar naturalmente melhoria e uma aprendizagem contínua que é feita e deve ser feita em circunstâncias que serão todas elas muito exigentes e mais complexas no futuro”, adiantou.
O ministro da Administração Interna insistiu que a forma de combater os incêndios é “evitá-los”, recordando que uma percentagem muito elevada das ignições tem que ver com o mau uso do fogo ou com mau uso de máquinas em espaço florestal. Além disso, acrescentou, é também necessário fazer um combate “sem tréguas àqueles que são incendiários”. Salientou ainda a necessidade de não se “baixar a guarda” até às primeiras chuvas do Outono, recordando o incêndio no Pinhal de Leiria, em Outubro de 2017.
“A informação que temos da meteorologia é de que as temperaturas vão de novo aumentar. A seca extrema é conhecida de todos. Não podemos baixar a guarda, porque temos muitas semanas pela frente e não podemos esquecer o que se passou em 2017. Houve um primeiro período [de fogos] em Junho e depois voltou a haver grandes incêndios em Outubro”, lembrou.
José Luís Carneiro pediu ainda à população, “neste período especial em que o país vive as suas festividades locais”, para ter todos os cuidados, nomeadamente no uso do fogo e de máquinas, devendo ser respeitadas as orientações da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).
Segundo o site da ANEPC, pelas 22h55 estavam a combater o incêndio na serra da Estrela 1547 operacionais, apoiados por 452 viaturas. Ao final da tarde, a Protecção Civil admitiu que o fogo “está estabilizado”, mas “não ainda dominado”.