Benfica não se limitou a gerir e está mais perto da Champions

Ao 4-1 em Lisboa juntou-se um 3-1 em Randers, resultados que garantem ao Benfica um lugar no play-off de acesso Champions – faltam, portanto, dois jogos para os “encarnados” poderem entrar na “piscina dos grandes”.

Gilberto no duelo frente ao Midtjylland
Fotogaleria
Gilberto no duelo frente ao Midtjylland EPA/Bo Amstrup
resultados-jogos,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
EPA/Bo Amstrup
resultados-jogos,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
EPA/Bo Amstrup
resultados-jogos,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
EPA/Bo Amstrup
Fotogaleria
EPA/Bo Amstrup

Nem sentando a uma mesa o mais pessimista adepto do Benfica e o mais sonhador fã do Midtjylland poderia sair dali uma tertúlia que defendesse a passagem dos dinamarqueses ao play-off da Liga dos Campeões, assente na quimera de recuperar três golos de desvantagem.

E não é surpresa para ninguém que essa utopia não tenha acontecido. Ao 4-1 em Lisboa juntou-se nesta terça-feira um 3-1 em Randers, resultados que garantem ao Benfica um lugar na fase seguinte do acesso Champions – faltam, portanto, dois jogos para os “encarnados” poderem entrar na “piscina dos grandes”.

Este foi um jogo em que o Benfica mostrou duas valências: a ofensiva, já exibida nos primeiros jogos, e a “gestora”, com capacidade de domar o jogo através da posse. Individualmente, Henrique Araújo voltou a mostrar-se capaz na finalização e Enzo Fernández foi o “dono do jogo”.

Mudar só por obrigação

Para este jogo, Roger Schmidt mostrou que, até ver, só muda o “onze” quando é obrigado a isso. Mesmo levando à Dinamarca um 4-1 da primeira mão, o técnico alemão não quis rodar a equipa e testar outras soluções, repetindo dez dos onze habituais titulares – a excepção foi Neres, lesionado, que deu o lugar a Chiquinho.

Isto significou a troca de um ala-direito desequilibrador pelo drible e de vertigem por um jogador de passe e posse. Essa alteração, apesar de forçada, acabou por dotar o Benfica daquilo que mais precisaria para se jogo: gestão da bola.

Essa gestão acabou até por não ir ao encontro nem dos predicados habituais do Benfica de Schmidt nem das próprias palavras do técnico, que garantiu ir à Dinamarca para atacar. O Benfica foi, por outro lado, menos ousado na pressão alta que tem aplicado nos jogos todos, apostando num bloco médio que não abafava logo a construção dinamarquesa.

Mas essa diferença na postura sem bola não significou menor predisposição para ter muita gente em zonas de finalização, até porque a equipa manteve a matriz de procurar avidamente passes verticais sucessivos.

Aos 23’, Gonçalo Ramos deu uma solução em largura (algo que até estava a fazer mais do que o habitual) e Enzo foi aparecer no espaço deixado livre pelo avançado, que cruzou para a finalização do argentino – o médio leva três golos em três jogos oficiais.

Este golo surgia até contra a lógica do jogo, já que o Midtjylland entrou com pressão bastante alta, muito ímpeto ofensivo e alguns cantos e lançamentos em zona ofensiva – embora tudo feito com mais vontade do que engenho.

Prova disso foram dois lances que caíram “no colo” do Midtjylland: uma perda de bola de Otamendi mal finalizada por Paulinho e um lance confuso a envolver Morato e depois Otamendi e Gilberto, que deu nova finalização incapaz de Evander – o craque dos dinamarqueses, de volta após lesão.

O golo sofrido pelos dinamarqueses foi tirando aos poucos a pouca confiança que já teriam em reverter o resultado e isso deu ao Benfica uma maior tranquilidade na circulação de bola – aí, entrou ao serviço Enzo Fernández, que assumiu a “batuta” a colocar os adversários a correrem atrás da bola.

Hora da gestão

Com quatro golos de vantagem, Schmidt deu-se ao luxo de, finalmente, mexer no desenho habitual, mas manteve o apelo a fórmulas conhecidas e testadas. É certo que retirou Ramos e Rafa, mas fez entrar Yaremchuk e Henrique Araújo, jogadores que têm jogado muito tempo juntos – e com bom entendimento.

Fazendo entrar dois jogadores que não têm sido titulares e que, por isso, têm de fazer pela vida, o técnico terá tentado impedir também algum adormecimento natural na equipa. E a ideia teve, em geral, algum sucesso. Apenas algum porque o Benfica não se mostrou profundamente ofensivo, mas, em rigor, acabou por marcar novamente – e ainda é isso que mais interessa.

Aos 56’, já depois de um bom lance desperdiçado pelo Midtjylland, um canto curto permitiu a João Mário cruzar para um bom cabeceamento de Henrique Araújo, que continua a mostrar-se um finalizador de grande nível, mesmo quando parece alheado do jogo.

Se a primeira parte já tinha tido, nos minutos finais, um “festival” de circulação de bola, a segunda, pelo estado de coisas, teve esse perfil ainda mais claro. O Benfica continuava a jogar a um/dois toques, mas com menos verticalidade – a ideia já não era desgaste e golos, mas gestão e tranquilidade.

Tranquilidade que foi, ainda assim, abalada momentaneamente por um golo de Sisto, após um cabeceamento de Kaba à trave – lance de muita passividade da defesa “encarnada” em dois momentos. Mas nem isso chegou para o que quer que fosse para os dinamarqueses, até porque Diogo Gonçalves tratou de fazer, aos 89’, um golo tremendo de fora da área e repor o resultado numa diferença mais semelhante à que existe entre o nível das equipas.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários