Ataque a Amber Heard e apoiantes foi “um dos piores casos de cyberbullying e cyberstalking já visto”, conclui relatório

A plataforma Bot Sentinel estudou os movimentos anti-Amber Heard no Twitter e concluiu que a entrada das hashtags nas tendências da rede social nem sempre resultou de actividade orgânica.

Foto
A análise identificou 627 contas no Twitter focadas apenas em desacreditar a actriz e qualquer conta que a apoiasse DR/Sergey Zolkin

O julgamento que opôs o ex-casal Amber Heard e Johnny Depp atraiu a atenção mediática, sobretudo pelo facto de ter sido transmitido em directo para todo o mundo — consta que terá sido essa a motivação da equipa de Depp para apresentar a queixa no estado da Virgínia, onde o jornal que publicou o artigo assinado por Heard e que motivou a queixa de difamação é impresso (ainda que o The Washington Post não tenha sido alvo de qualquer reclamação por parte do actor).

Mas, enquanto os meandros legais se desenvolviam, outra batalha era travada online, com uma troca acesa de palavras nas redes sociais que, agora, a plataforma Bot Sentinel, diz ter sido “um dos piores casos de cyberbullying e cyberstalking já visto”. “Amber Heard e as mulheres que tweetaram em seu apoio foram atacadas implacavelmente”, descreve o relatório.

A publicação, de 18 de Julho, dá exemplos de situações que documentam a gravidade do assédio: "Num caso, alguém criou uma conta falsa utilizando a imagem de uma criança falecida de uma conhecida académica. O troll usou a conta falsa para provocar e atormentar a pessoa porque ela tweetou em defesa de Amber Heard.” Ou seja, como explica a investigação aos movimentos online, os trolls não só visavam quem defendia a actriz, como também os amigos e a família, não deixando sequer de fora as crianças.

Orgânico ou manipulação

Um dos objectivos deste estudo, que os autores dizem ter sido totalmente independente — a equipa jurídica de Heard contratou a empresa em 2020, mas o trabalho feito em Junho de 2022 não foi pago por ninguém ​, passou por perceber se aquilo que tinha sido observado ao longo do julgamento Depp vs. Heard, e nas semanas seguintes, com as tendências invadidas por hashtags anti-Amber Heard, era um comportamento orgânico ou resultado de manipulação.

“Observámos imediatamente dezenas de contas recém-criadas a enviarem spam com hashtags negativos anti-Amber Heard”, informam. Para tal, foram analisados 14.292 tweets com as hashtags #AmberHeardIsAnAbuser, #AmberHeardLsAnAbuser, #AmberHeardIsALiar e #AmberHeardLsALiar, o que resultou na identificação de 627 contas no Twitter focadas apenas em desacreditar a actriz e qualquer conta que a apoiasse. E quase uma em cada quatro contas tinha sido criada nos últimos sete meses.

Antes de publicar o relatório, a Bot Sentinel disse ter submetido uma lista das contas ofensivas ao Twitter, considerando que a rede “não fez o suficiente para mitigar a manipulação da plataforma e fez muito pouco para restringir o abuso e o assédio”. “O Twitter deixou basicamente as mulheres a defenderem-se a si próprias com pouco ou nenhum apoio da plataforma”.

E o relatório não trata o caso como um assunto passado, concluindo que “a menos que o Twitter tome medidas, o abuso e o assédio selectivo continuarão”.

Em Junho, um júri de sete pessoas concluiu que Heard difamou a estrela de Piratas das Caraíbas quando escreveu, num artigo de opinião, ser uma sobrevivente de violência sexual. A actriz foi condenada a pagar 10,35 milhões de dólares (10,1 milhões de euros). O júri também determinou que Heard foi vítima do crime de difamação, concedendo-lhe dois milhões de dólares. Na última semana, e depois de ter fracassado na tentativa de anular o julgamento, Heard deu entrada com um pedido de recurso.

Sugerir correcção
Ler 9 comentários