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Com a seca, as águas da barragem do Cabril já não cobrem a aldeia de Vilar

Foi em 1954 que os últimos habitantes da aldeia de Vilar, no concelho de Pampilhosa da Serra a abandonaram. Os últimos habitantes desta aldeia só saíram quando a água do rio Zêzere que enchia a Barragem de Cabril já estava quase a chegar-lhes aos pés, recordam alguns dos ex-moradores. Durante todo este tempo, a aldeia esteve submersa. Mas a seca pela qual estamos a passar deixou à vista as ruínas da antiga aldeia.

Vista área da antiga aldeia de Vilar, que foi submersa pela barragem do Cabril mas ficou à vista por causa da seca REUTERS/Miguel Pereira
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Vista área da antiga aldeia de Vilar, que foi submersa pela barragem do Cabril mas ficou à vista por causa da seca REUTERS/Miguel Pereira

No seu tempo, Vilar era conhecida pela muita produção de azeite. “‘Azeiteiros do Vilar’ era a alcunha que nos davam”, recordou à Lusa Manuel Barata, de 77 anos, nascido e criado na aldeia que a água engoliu, agora morador em Portela do Fojo.

Desde Fevereiro que na barragem de Cabril foi interditada a produção de hidroelectricidade, tal como nas barragens de Alto Lindoso/Touvedo, Alto Rabagão, Vilar/Tabuaço e Castelo de Bode. O reservatório da Barragem de Cabril está agora a apenas 37% da sua capacidade, diz a agência Reuters.

Com a seca e a descida do nível das águas, na Barragem de Alto Lindoso, no rio Lima, também surgiu em Janeiro uma aldeia submersa: trata-se de Aceredo, no município de Lóbios (Ourense, Galiza), que se pode ver do lado de cá da fronteira.

​Em sete outras barragens foram impostas restrições ao uso da água, dando prioridade ao consumo humano sobre a rega agrícola: no Norte, Arcossó e Vale Madeiro. No Alentejo e Algarve, Bravura, Santa Clara, Campilhas, Fonte Serne e Monte da Rocha.

​A agricultura representa 75% do consumo de água em Portugal. O uso de sistemas de rega antigos faz com que se desperdice cerca de um terço dessa quantidade, disse a Agência Portuguesa de Ambiente à Reuters.

As barragens são muitas vezes usadas para abastecer as aeronaves que combatem os incêndios florestais, mas como a capacidade reduzida das albufeiras, também há menos água para apagar os fogos, disse à Reuters Dina Duarte, responsável da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. Este incêndio florestal de 2017, com 66 mortos, foi o mais mortífero em Portugal. "Não queremos que morram mais pessoas por causa dos fogos", disse Dina Duarte. 

O que resta da aldeia submersa que agora se vê com o recuo das águas
O que resta da aldeia submersa que agora se vê com o recuo das águas
Vestígios de uma parede da aldeia submersa
Vestígios de uma parede da aldeia submersa REUTERS/Rodrigo Antunes
Vista geral da Barragem do Cabril
Vista geral da Barragem do Cabril REUTERS/Miguel Pereira
Vista da barragem
Vista da barragem REUTERS/Rodrigo Antunes
O nível da água na barragem está a 37% da capacidade
O nível da água na barragem está a 37% da capacidade REUTERS/Rodrigo Antunes