Sunak, Mordaunt e Truss vão disputar as duas últimas vagas da corrida a Downing Street
Quarta ronda de votos dos deputados conservadores dita eliminação de Badenoch. Última votação interna é na quarta-feira e os finalistas vão lutar pelos votos dos militantes durante o Verão. Nome do sucessor de Johnson é revelado em Setembro.
Tal como se esperava, Kemi Badenoch foi esta terça-feira eliminada da corrida à liderança do Partido Conservador e do Governo do Reino Unido, na fase de votação dos deputados tories. Com apenas 59 votos, em 356, a antiga secretária de Estado da Igualdade e das Comunidades foi a candidata menos votada dos quatro que ainda estavam em jogo.
Rishi Sunak (118 votos), ex-ministro das Finanças, Penny Mordaunt (92), secretária de Estado para a Política Comercial, e Elizabeth Truss (86), ministra dos Negócios Estrangeiros, conseguiram apurar-se para a quinta ronda de votos, agendada para quarta-feira.
Os dois finalistas desta etapa da contenda eleitoral vão disputar o voto dos cerca de 160 mil militantes do Partido Conservador durante o Verão. O nome do próximo primeiro-ministro britânico, sucessor de Boris Johnson, será revelado no dia 5 de Setembro.
Em comparação com a ronda anterior, realizada na segunda-feira, Badenoch só juntou mais um voto à sua contagem. Um resultado que confirma que os deputados da ala mais à direita do partido entenderam que a candidata “anti-woke”, como a própria se definiu, não era a concorrente mais forte para os representar, como chegou a ser ponderado no campo eurocéptico tory.
Essa facção terá agora de escolher entre Mordaunt e Truss, que irão lutar arduamente pelos 59 votos de Badenoch e até ao último segundo – isto é, até às 12h59 de quarta-feira.
“Quero prestar uma homenagem à minha amiga Kemi Badenoch, que electrificou esta competição pela liderança [do partido] com as suas ideias novas e políticas arrojadas. Ela e eu sabemos que a velha forma de governar não está a funcionar como devia”, reagiu Mordaunt, num comunicado, claramente a pedir o apoio da concorrente eliminada.
Certo é que a secretária de Estado volta a ganhar ímpeto, depois de ter tido na última ronda um resultado inferior (82) à anterior (83), dando a sensação de que o momento de maior dinâmica da sua campanha – quando apareceu nas sondagens como a favorita dos militantes – se tinha esfumado.
Sensação essa que foi agravada esta terça-feira de manhã, quando o Governo decidiu reduzir, de 358 para 357, o número de votantes na eleição do novo líder, expulsando da bancada parlamentar conservadora e retirando o direito de voto ao deputado Tobias Ellwood, um dos maiores apoiantes de Mordaunt – Ellwood, um crítico feroz de Johnson, recusou cancelar uma viagem oficial à Moldova, agendada no contexto da guerra na Ucrânia, para ficar em Londres e votar favoravelmente a moção de confiança que o primeiro-ministro apresentou na segunda-feira ao seu próprio executivo.
Os dez deputados adicionais que ofereceram, ainda assim, o seu voto à antiga ministra da Defesa, vieram, provavelmente, do grupo dos 31 que tinham votado em Tom Tugendhat, eliminado na segunda-feira. Desses, houve quem tenha optado por Truss, que somou 15 votos ao resultado anterior (71) e que está confiante em conseguir suplantar Mordaunt na quarta-feira, com os votos de Badenoch.
Quem esperava ter recolhido mais votos depois da eliminação do deputado e presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros era Rishi Sunak, por partilhar com Tugendhat o estatuto de representante – agora único – do centro-direita e da direita moderada dos tories na corrida. O antigo ministro das Finanças foi o mais votado pela quarta vez consecutiva, mas só somou mais três votos aos 115 que obteve na segunda-feira.
Ainda assim, só uma catástrofe poderá impedir que o seu nome seja um dos dois que disputará a eleição dos militantes, até porque lhe basta um voto adicional para garantir, matematicamente, o apuramento para essa fase.
Depois disso, as energias de Sunak terão de ser totalmente dedicadas a encontrar uma estratégia para responder à fraca popularidade que tem entre os membros inscritos do Partido Conservador.
Segundo uma sondagem publicada esta terça-feira pela YouGov, antes da votação dos deputados conservadores, se a eleição dos militantes fosse realizada hoje, o ex-chancellor perdia contra Penny Mordaunt (57% contra 37%) e contra Liz Truss (54% contra 35%).
O estudo mostra ainda que a secretária de Estado está a perder terreno para a ministra dos Negócios Estrangeiros junto da militância. Num cenário de confronto directo, 48% dos membros preferem a segunda, ao passo que 42% optam pela primeira. Há uma semana, os números da YouGov eram bastante diferentes: 55% para Mordaunt e 37% para Truss.