Sunak, Mordaunt e Truss vão disputar as duas últimas vagas da corrida a Downing Street
Quarta ronda de votos dos deputados conservadores dita eliminação de Badenoch. Última votação interna é na quarta-feira e os finalistas vão lutar pelos votos dos militantes durante o Verão. Nome do sucessor de Johnson é revelado em Setembro.
Tal como se esperava, Kemi Badenoch foi esta terça-feira eliminada da corrida à liderança do Partido Conservador e do Governo do Reino Unido, na fase de votação dos deputados tories. Com apenas 59 votos, em 356, a antiga secretária de Estado da Igualdade e das Comunidades foi a candidata menos votada dos quatro que ainda estavam em jogo.
Rishi Sunak (118 votos), ex-ministro das Finanças, Penny Mordaunt (92), secretária de Estado para a Política Comercial, e Elizabeth Truss (86), ministra dos Negócios Estrangeiros, conseguiram apurar-se para a quinta ronda de votos, agendada para quarta-feira.
Os dois finalistas desta etapa da contenda eleitoral vão disputar o voto dos cerca de 160 mil militantes do Partido Conservador durante o Verão. O nome do próximo primeiro-ministro britânico, sucessor de Boris Johnson, será revelado no dia 5 de Setembro.
Em comparação com a ronda anterior, realizada na segunda-feira, Badenoch só juntou mais um voto à sua contagem. Um resultado que confirma que os deputados da ala mais à direita do partido entenderam que a candidata “anti-woke”, como a própria se definiu, não era a concorrente mais forte para os representar, como chegou a ser ponderado no campo eurocéptico tory.
I’m grateful to my colleagues and the party members who have supported me.
— Kemi Badenoch (@KemiBadenoch) July 19, 2022
This campaign began less than two weeks ago. What we’ve achieved demonstrates the level of support for our vision of change for our country and for the Conservative Party.
Thank you. pic.twitter.com/2hnk3nyynY
Essa facção terá agora de escolher entre Mordaunt e Truss, que irão lutar arduamente pelos 59 votos de Badenoch e até ao último segundo – isto é, até às 12h59 de quarta-feira.
“Quero prestar uma homenagem à minha amiga Kemi Badenoch, que electrificou esta competição pela liderança [do partido] com as suas ideias novas e políticas arrojadas. Ela e eu sabemos que a velha forma de governar não está a funcionar como devia”, reagiu Mordaunt, num comunicado, claramente a pedir o apoio da concorrente eliminada.
Certo é que a secretária de Estado volta a ganhar ímpeto, depois de ter tido na última ronda um resultado inferior (82) à anterior (83), dando a sensação de que o momento de maior dinâmica da sua campanha – quando apareceu nas sondagens como a favorita dos militantes – se tinha esfumado.
Sensação essa que foi agravada esta terça-feira de manhã, quando o Governo decidiu reduzir, de 358 para 357, o número de votantes na eleição do novo líder, expulsando da bancada parlamentar conservadora e retirando o direito de voto ao deputado Tobias Ellwood, um dos maiores apoiantes de Mordaunt – Ellwood, um crítico feroz de Johnson, recusou cancelar uma viagem oficial à Moldova, agendada no contexto da guerra na Ucrânia, para ficar em Londres e votar favoravelmente a moção de confiança que o primeiro-ministro apresentou na segunda-feira ao seu próprio executivo.
Os dez deputados adicionais que ofereceram, ainda assim, o seu voto à antiga ministra da Defesa, vieram, provavelmente, do grupo dos 31 que tinham votado em Tom Tugendhat, eliminado na segunda-feira. Desses, houve quem tenha optado por Truss, que somou 15 votos ao resultado anterior (71) e que está confiante em conseguir suplantar Mordaunt na quarta-feira, com os votos de Badenoch.
Quem esperava ter recolhido mais votos depois da eliminação do deputado e presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros era Rishi Sunak, por partilhar com Tugendhat o estatuto de representante – agora único – do centro-direita e da direita moderada dos tories na corrida. O antigo ministro das Finanças foi o mais votado pela quarta vez consecutiva, mas só somou mais três votos aos 115 que obteve na segunda-feira.
Ainda assim, só uma catástrofe poderá impedir que o seu nome seja um dos dois que disputará a eleição dos militantes, até porque lhe basta um voto adicional para garantir, matematicamente, o apuramento para essa fase.
TORY MEMBERS POLL: Mordaunt has lost her commanding lead, with herself, Truss and Badenoch now all effectively tied in their head to heads
— YouGov (@YouGov) July 19, 2022
Mordaunt: 42% (-13)
Truss: 48% (+11)
Mordaunt: 43% (-16)
Badenoch: 48% (+18)
Badenoch: 46% (+9)
Truss: 43% (-11)https://t.co/feL6oXerIk pic.twitter.com/B0YtzJo6Hc
Depois disso, as energias de Sunak terão de ser totalmente dedicadas a encontrar uma estratégia para responder à fraca popularidade que tem entre os membros inscritos do Partido Conservador.
Segundo uma sondagem publicada esta terça-feira pela YouGov, antes da votação dos deputados conservadores, se a eleição dos militantes fosse realizada hoje, o ex-chancellor perdia contra Penny Mordaunt (57% contra 37%) e contra Liz Truss (54% contra 35%).
O estudo mostra ainda que a secretária de Estado está a perder terreno para a ministra dos Negócios Estrangeiros junto da militância. Num cenário de confronto directo, 48% dos membros preferem a segunda, ao passo que 42% optam pela primeira. Há uma semana, os números da YouGov eram bastante diferentes: 55% para Mordaunt e 37% para Truss.