Vingegaard continua a ser a sombra de Pogacar na Volta a França

O campeão do Tour voltou a tentar atacar o camisola amarela, mas nenhum tipo de iniciativa parece suficiente para deixar Vingegaard em problemas. E tudo continua na mesma, depois de uma etapa que deu, finalmente, um triunfo a Michael Matthews.

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EPA/PAPON BERNARD

Tadej Pogacar voltou a tentar recuperar tempo para Jonas Vingegaard na Volta a França, mas o resultado foi o mesmo que tem sido: nenhum. Neste sábado, na etapa 14, o esloveno disparou mais alguns “tiros” – um a começar o dia, outro a acabar –, mas foram novamente de pólvora seca.

Na classificação, Pogacar é a sombra de Vingegaard, mas na estrada tem sido o camisola amarela, em postura defensiva, a seguir o rival para todo o lado (a fotografia do artigo exemplifica-o). Pogacar já tentou ataques explosivos e ataques com subida a ritmo, mas nenhuma das vias lhe permite recuperar a desvantagem que já tem para o ciclista da Jumbo.

Em suma: ou Vingegaard tem um dia mau, como já teve Pogacar, ou só uma táctica muito criativa e brilhante da Emirates permitirá ao esloveno manter o título de campeão do Tour.

Nas contas da etapa, Michael Matthews chegou, por fim, ao triunfo na Volta a França, depois de dois segundos lugares nas etapas 6 e 8.

O ciclista australiano da BikeExchange foi o mais forte da fuga do dia e fez uma recuperação tremenda – e improvável – nos últimos quilómetros, para “roubar” a vitória a Alberto Bettiol, que teve de contentar-se com o segundo lugar.

Ataque cedo

Para agrado dos que têm teorizado sobre a possibilidade de esta ser a Volta a França mais divertida deste século, a etapa começou, até de forma algo bizarra, com ataques entre os candidatos ao triunfo no Tour.

Apesar de ser um dia de “sobe e desce”, as escaladas não ofereciam, em tese, dificuldade suficiente para verdadeiros duelos montanhosos, pelo que a lógica ditaria o sucesso de uma fuga.

Mas Tadej Pogacar, sempre ofensivo (e bastante sagaz), tem 2m22s para recuperar para Jonas Vingegaard. E lá foi o esloveno. Assim que viu o camisola amarela aparentemente distraído numa posição mais recuada do pelotão, lançou-se ao ataque – duas vezes.

Wout van Aert tratou de “salvar” Vingegaard – não há nada que o belga não faça –, mas para trás ficaram Roglic e Lutsenko, entre outros. Ainda a longínquos 155 quilómetros da meta, o grupo dos favoritos estava curto, parecendo quase o final de uma chegada em alto.

Até que a Jumbo se “chateou” com o estado de coisas e bloqueou a estrada – alinhou seis ciclistas na frente do pelotão (até Vingegaard colocou o “peito ao vento”) e tratou de dizer a todos que era hora de acalmar a corrida, porque ninguém sairia dali.

E a corrida, de facto, acalmou. Roglic e Lutsenko recolaram, o pelotão voltou a estar mais composto, Pogacar esfriou os intentos ofensivos e uma fuga de 23 ciclistas pôde aventurar-se.

Os mais de 13 minutos que a fuga ganhou permitiram que os aventureiros pudessem preocupar-se só em lutar entre si. E foi nesse sentido que Luis León Sánchez, Michael Matthews, Felix Grosschartner e Andreas Kron se prestaram ao ataque.

Matthews foi o mais forte dos quatro, mas ainda teve outro adversário com que se preocupar. Alberto Bettiol veio de trás, encostou-se ao australiano, colaborou durante uns metros e depois seguiu sozinho.

Mas Tour 2022 é surpresa permanente. No meio de túneis de adeptos na última subida do dia, Matthews foi buscar energia não se percebeu bem onde e conseguiu não só chegar a Bettiol como ultrapassar o italiano e vencer isolado na meta.

Mais atrás, a última subida teve ataque de Pogacar suficiente para deixar quase todos os adversários para trás – menos Vingegaard. Foram feitas duas tentativas, mais uma última num sprint na meta, mas todos inócuos.

Para este domingo está desenhada uma etapa maioritariamente plana e que deve ser uma das últimas três oportunidades para os sprinters brilharem.

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