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Em Palmela, as cinzas pintaram de negro a serra
Apesar de dominado, o incêndio não está ainda em fase de rescaldo, por isso, não se baixa a guarda.
A madeira carbonizada que cobre a parte superior do pavilhão que até esta quarta-feira era um stand de carros combina com a cor preta que agora pinta o chão na aldeia de Aires, em Palmela, no distrito de Setúbal. As chamas que ali chegaram “muito rápido”, como conta um dos proprietários, Bruno Carvalho, fizeram cair o portão, que cede agora a partir do tecto.
Com os olhos vermelhos, vai aguardando em silêncio a chegada da Polícia Judiciária para as devidas averiguações. Ainda abalado, a par das nove pessoas com quem trabalha e que também ali estão, olha para o negócio, agora destruído. Abriu aquela casa há menos de um ano.
Ao lado, Sónia Alves, também proprietária, tenta “gerir a situação” ao mesmo tempo que vai fazendo contas ao prejuízo. Não o sabe precisar e dá um grande suspiro. Mas tem uma certeza: “Foi muito grande”.
Voltam a olhar para o pavilhão, como que a tentar imaginar que as fagulhas e a “nuvem negra” da tarde anterior nunca ali chegaram.
As telhas de plástico ficaram todas queimadas, tal como os carros que estavam lá dentro e que agora vemos destruídos. Cá fora, dois extintores estão caídos no chão. Ao lado, um amontoado de documentos meio ardidos. As janelas sem vidros fazem adivinhar a destruição que ali aconteceu.
“O terreno aqui atrás estava limpo, tínhamos feito a limpeza há duas ou três semanas. Mas as chamas eram tão grandes e desceram por esta encosta abaixo que queimaram tudo”, reflecte Bruno Carvalho.
Nesta manhã de quinta-feira já não há frentes activas do incêndio que perto das 12h do dia anterior deflagrou abaixo do castelo de Palmela. Até ao momento, as contas indicam que terão sido 400 os hectares de área ardida, de acordo com o balanço feito pelo segundo comandante distrital, Marcelo Lima, durante a manhã.
No ar ainda é possível avistar um helicóptero, que está apenas a fazer vigilância depois de terem existido dois reacendimentos. Estão ainda 142 veículos operacionais para controlar pontos quentes. Contam-se, actualmente, 12 feridos (nove dos quais bombeiros). As estradas foram reabertas e as pessoas que tiveram de ser retiradas das suas casas já regressaram.
Apesar de dominado, o incêndio não está ainda em fase de rescaldo, por isso, não se baixa a guarda. As corporações de bombeiros ainda estão no local, apesar de algumas já terem desmobilizado, como foi o caso da de Beja que saiu do ponto de trânsito pelas 10h20.