Maioria do eleitorado do Partido Democrata não quer Biden em 2024
A idade avançada do Presidente dos EUA e o falhanço na concretização de algumas das suas principais promessas são as grandes críticas de 64% de eleitores democratas inquiridos numa sondagem da Universidade Siena. Mesmo assim, Joe Biden sairia vencedor de um novo embate com Trump.
A enorme queda de popularidade do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em relação aos valores registados no início do seu mandato, em Janeiro de 2021, começa a ser preocupante para a sua ambição de se recandidatar ao cargo em 2024. Segundo uma sondagem da Universidade Siena e do jornal New York Times, publicada esta segunda-feira, 64% dos eleitores do Partido Democrata inquiridos dizem que preferiam ter outro candidato em quem votar na próxima eleição presidencial.
Apesar do descontentamento, a sondagem indica que mais eleitores (44%) vão votar em Biden do que no candidato do Partido Republicano, em 2024, se o escolhido voltar a ser Donald Trump (41%).
E a falta de entusiasmo dos democratas com uma possível recandidatura de Biden não significa que estejam a pensar em mudar o seu sentido de voto na próxima eleição presidencial — em vez disso, parecem criticar Biden por não ter conseguido manter o seu partido unido no Congresso, o que tem impossibilitado o cumprimento de muitas das suas promessas em 2020.
Com uma taxa de popularidade a nível nacional a rondar os 30%, não é surpresa que Biden recolha quase só notas negativas no eleitorado do Partido Republicano. Mas a sua posição junto do eleitorado democrata não é normal para um Presidente em exercício, com apenas 70% de aprovação. Em comparação, Trump tinha 90% de apoio republicano ao fim de 17 meses de mandato, em 2018.
Talvez ainda mais preocupante para Biden e para o Partido Democrata — a quatro meses de importantes eleições para o Congresso dos EUA —, dois terços dos eleitores independentes dão nota negativa ao Presidente norte-americano.
Uma das principais razões para a baixa popularidade de Biden é a forma como os norte-americanos olham para a economia do país, com apenas 13% a mostrarem confiança no futuro. Como resultado, apenas 26% dos eleitores do Partido Democrata inquiridos pela Universidade Siena dizem querer um segundo mandato de Biden.
Idade e economia
A desconfiança em relação ao Presidente dos EUA, no Partido Democrata, é quase total no eleitorado mais jovem. Nos 64% dos eleitores democratas que estão contra a recandidatura de Biden em 2024, contam-se 94% dos eleitores com menos de 30 anos.
A idade de Biden — fará 80 anos em Novembro — é a principal razão das dúvidas do eleitorado democrata (33%), seguindo-se a forma como tem exercido o cargo de Presidente (32%).
Um dos eleitores do Partido Democrata ouvidos pelo New York Times, Randain Wright, um camionista de 41 anos, acusa Biden de “não ser suficientemente agressivo na imposição das suas propostas”, ao contrário do seu antecessor: “Trump não tinha receio de pôr os seus apoiantes em ordem.”
Apesar de a economia dominar as atenções do eleitorado norte-americano tanto à direita como à esquerda, as discussões sobre o direito ao aborto e a posse de armas são cada vez mais referidas como determinantes para o apoio a um candidato do Partido Democrata.
Na sondagem, realizada já depois de o Supremo Tribunal ter anunciado a sua decisão de retirar as protecções constitucionais ao direito ao aborto, apenas 27% do eleitorado democrata disse estar contente com o rumo do país, notando-se uma grande diferença entre o eleitorado feminino (20%) e o masculino (37%).
Ao todo, o direito ao aborto foi referido como principal preocupação (acima da economia e de qualquer outro tema) por 5% do eleitorado — 1% dos homens e 9% das mulheres. E a posse de armas foi citada como principal preocupação por 10% do eleitorado, um valor muito superior ao que era habitual no passado.