Este fim-de-semana, o Mosteiro de Arouca volta ao passado e à vida das monjas
Após dois anos de pausa, a recriação histórica da vida das monjas de Cister promete aos visitantes, de sexta a domingo, levá-los a sentirem-se nos séculos XVIII e XIX. Uma altura em que as religiosas dominavam o mosteiro e a vila, que “floresceu à sua volta”. Mercado, encenações e festa: são mais de 200 figurantes.
O Mosteiro de Arouca acolhe no fim-de-semana 230 atores e figurantes que, após dois anos de paragem devido à pandemia, voltam a recriar o quotidiano do século XVIII e XIX das monjas da Ordem de Cister.
Em 2020 e 2021 esse evento do distrito de Aveiro foi assinalado sobretudo com iniciativas “online”, mas agora, de sexta-feira a domingo, a recriação retoma o seu formato habitual, dinamizando espaços do mosteiro com as personagens que o habitavam há mais de 200 anos, como noviças, criadas, meninas do coro, clérigos, almocreves, nobres, pregoeiros, ardinas, alcoviteiras, militares, poetas, curandeiras e vendedores de banha da cobra.
Sob a coordenação histórica do investigador local Afonso Veiga, o evento representa um investimento na ordem dos 100.000 euros e envolve dezenas de propostas, entre as quais um mercado oitocentista, cortejos e procissões, encenações de funerais e castigos no pelourinho, a narração de lendas locais, a reactivação de estruturas como a botica e a roda dos enjeitados, a réplica de cerimónias como a tonsura e a aclamação da abadessa, e a simulação de ofícios como o do barbeiro sangrador.
“É uma enorme alegria podermos voltar a organizar presencialmente este evento, que, a par da Feira das Colheitas, é uma das nossas maiores referências e conta com a colaboração inestimável de tantas pessoas a título particular e de muitas mais ligadas ao nosso dinâmico movimento associativo”, declarou à Lusa a presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém.
Para a autarca, “participar na recriação histórica é uma experiência única”, porque permite “uma viagem no tempo até aos séculos XVIII e XIX, para assistir à vida desta importante comunidade monástica e da vila de Arouca, que floresceu à sua volta”.
Beneditino até ao século XII, o Mosteiro de Arouca passou depois a acolher a Ordem de Cister até ao século XIX, mais precisamente até 1886, data em que morreu a última freira e o edifício viu extinta a sua actividade religiosa, transitando todos os seus bens para o erário público.
Na sua traça actual, o imóvel data dos séculos XVII e XVIII, e preserva ainda espaços característicos da sua anterior função, como o claustro, o cadeiral, a sala do capítulo e o locutório.
A recriação deste fim-de-semana abrange uma programação extensa que se alarga a outros espaços do centro histórico de Arouca, como a antiga cadeia, a hospedaria e a capela da Misericórdia. Nesses e outros locais serão recriadas cenas como a venda do hebdomadário local, o acampamento dos pilhantes e o abandono de crianças na chamada “Casa da Roda”.
O cartaz prevê igualmente visitas guiadas aos espaços monásticos, numa iniciativa promovida pela AGA - Associação Geoparque Arouca. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia, pelo que os interessados devem informar-se das devidas condições através do e-mail geral@aroucageopark.pt ou dos telefones 932338446 e 256940254. Mais informações: CM Arouca e no Facebook: Arouca.HistoriadeumMosteiro