Better Call Saul: cada vez mais perto do fim

A segunda parte da sexta (e última) temporada do spin-off de Breaking Bad estreia-se esta terça-feira, na Netflix.

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Bob Odenkirk e Rhea Seehorn na sexta temporada de Better Call Saul, que se está a aproximar da recta final DR

Em 2009, Bob Odenkirk era uma lenda da comédia altamente respeitada e admirada. Entre outros feitos, tinha escrito para Saturday Night Live, Get a Life, o Late Night de Conan O'Brien e The Ben Stiller Show, tinha estado no centro da comédia de sketches de culto Mr. Show with Bob and David com David Cross, tinha descoberto e apadrinhado o duo Tim & Eric, tinha aparecido em filmes, era uma personagem recorrente em The Larry Sanders Show, e tinha realizado três filmes não muito bem sucedidos. Mas não era uma estrela. Isso mudou quando Vince Gilligan e Peter Gould o puseram na segunda temporada de Breaking Bad, como o advogado manhoso Saul Goodman, um papel que, ao início, Odenkirk queria rejeitar.

Era só para ter durado quatro episódios, mas a personagem ficou. Odenkirk revelou ser um óptimo actor dramático – algo que sempre tinha tentado fazer – na pele de um advogado com uma peruca e fatos extravagantes e pouco dados ao bom gosto. Não era só uma piada, mas parte da interpretação vinha da imitação que Odenkirk fazia, em Mr. Show, do lendário produtor de Hollywood cheio de si Robert Evans. Acabou por ter direito ao seu próprio spin-off, Better Call Saul, em 2015, dois anos após o fim da série original. Essa série, uma prequela centrada em Saul Goodman e criada por Gilligan e Gould, está agora a chegar ao fim.

Esta terça-feira, chega à Netflix o oitavo episódio da sexta temporada desta série da AMC, no dia a seguir a passar nos Estados Unidos. Arranca assim a segunda parte desta época, a derradeira da série, que foi dividida ao meio. Os quatro episódios seguintes chegam nas próximas semanas. Tal como Breaking Bad mostrava um professor de liceu a tornar-se um poderoso fabricante e traficante de droga, cada vez mais malévolo, esta série, uma prequela que se desenrola no início dos anos 2000, foca-se na forma como Jimmy McGill, o ex-vigarista tornado advogado, ia aos poucos ficando pior pessoa, até chegar a Saul Goodman – e a Gene Takovic, a sua identidade pós-Breaking Bad. Mas havia sempre algo nas personagens como elas eram ao início que podiam resultar nessa perdição.

Mas nem só de Odenkirk e Goodman vive a série. As personagens que o rodeiam são tão ou mais importantes. Acima de todas, está Kim Wexler, a namorada e depois esposa do advogado, interpretada por Rhea Seehorn, uma excelente revelação que, como não aparece em Breaking Bad e deverá ter desaparecido da vida de Saul Goodman no futuro, é possível que não sobreviva a esta leva de episódios. Pelo que, a haver spin-off ​nela centrado, teria de ser prequela outra vez. Kim, tal como Nacho Varga (Michael Mando), um criminoso a tentar endireitar-se, é uma personagem que, por deixar tantas marcas, nem sequer nos lembramos de que não aparecia na série original. Também há Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks), o ex-polícia tornado investigador privado e ajudante de criminosos, ou o barão da droga Gus Fring (Giancarlo Esposito) que transitaram da série original, entre muitos outros.

Tal como Breaking Bad, outra das estrelas além da escrita é a realização. É uma série que é muito bem pensada do ponto de vista visual. Estes últimos episódios são realizados por Gilligan, Gould e Michelle MacLaren ou Thomas Schnauz (que trabalham com Gilligan desde que este escrevia para X-Files), bem como Michael Morris. Vai fazer falta.

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