Televisão: o melhor do ano

Escolhas de Joana Amaral Cardoso, Jorge Mourinha, Marco Vaza e Rodrigo Nogueira.

  

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Brooklyn Nine-Nine T5

Dan Goor, Michael Schur

FOX/Netflix

As séries policiais podem já não ser o que eram e podem continuar a ser pedras basilares dos horários televisivos, mas depois de Brooklyn Nine-Nine é difícil voltar a vê-las da mesma maneira. A gentilmente afectuosa e completamente surreal comédia dos autores de Parks and Recreation e The Good Place, ambientada numa esquadra nova-iorquina, tem vindo a crescer ao longo das temporadas e é a melhor sitcom a que nunca ligaram muito — está na altura de a descobrir. J.M.

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9

Bodyguard

Jed Mercurio

Netflix

É uma das séries mais importantes do ano no Reino Unido porque é tranquilizadoramente convencional e ao mesmo tempo uma história original na era do terrorismo. Um veterano do Afeganistão torna-se guarda-costas da ministra do Interior que defende o que ele sabe ser errado num thriller que nos primeiros minutos decide logo se ficamos ou não com a série, e com David Budd (Richard Madden) e Julia Montague (Keeley Hades). Ficamos. J.A.C.

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7

(ex-aequo)

Um Dia de Cada Vez T2

Gloria Calderon-Kellett, Mike Royce

Netflix

Os Alvarez podem ser latinos e ter uma avó que ainda (acha que) dança salsa como se tivesse 30 anos (Rita Moreno rouba a série sempre que entra). Mas, no resto, são uma família americana de classe média baixa como outra, com problemas de família, dinheiro, trabalho, escola, a navegar um “país real” que a série dos anos 1970, habilmente transportada para os nossos dias, faz questão que entre por tudo o que é sítio. Um Dia de Cada Vez é uma sitcom tão clássica que se torna moderna sem darmos por isso. J.M.

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7

(ex-aequo)

The Americans T6

Joe Weisberg

FX/Fox

The Americans acabou como tinha de acabar, e não vamos dizer como, para não estragar o prazer de quem ainda não entrou naquele que é um dos mais perfeitos dramas televisivos das últimas décadas. Durante seis temporadas foi um thriller de espionagem com tudo no lugar e que se manteve em níveis de excelência do primeiro ao último episódio. Valeria só pela reconstituição sóbria (e perfeita) dos anos 1980 e da Guerra Fria entre soviéticos e americanos, mas foi muito mais do que isso. M.V.

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5

(ex-aequo)

Homecoming

Eli Horowitz, Micah Bloomberg, Sam Esmail

Amazon

Uma pausa em Mr. Robot para um podcast? Sam Esmail não podia ter tido melhor ideia, sobretudo quando ouviu Homecoming, um thriller psicológico com as vozes de Catherine Keener, Oscar Isaac e David Schwimmer, e o transpôs para esta série dramática com episódios de 30 minutos que é um desafio visual e de mistério com novos actores — ou seja, Julia Roberts em planos normais e verticais. E isso é importante. J.A.C.

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5

(ex-aequo)

Barry

Bill Hader, Alec Berg

HBO/TVSéries

Um assassino apático viaja até Los Angeles para mais um trabalho. Acaba por apaixonar-se pela representação e decide ficar por lá. O problema? É péssimo actor, excelente atirador. Já para não falar da máfia chechena. Bill Hader, que co-criou e protagoniza esta série, tem trabalhado muito desde que saiu de Saturday Night Live em 2013, mas ainda não tinha encontrado personagem tão boa. R.N.

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4

Better Call Saul T4

Vince Gilligan

AMC/Netflix

Quanto mais Jimmy McGill se aproxima de Saul Goodman, mais Better Call Saul se autonomiza em relação a Breaking Bad, a série que lhe deu origem. Vai sempre fazendo a ponte com o passado (que é o futuro), mas esta prequela tem personalidade própria, talvez menos rápida e furiosa do que Breaking Bad, mas igualmente densa e absorvente, liderada por um grande actor dramático chamado Bob Odenkirk, que tinha entrado neste universo para ser o comic relief. M.V.

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3

The Good Place T3

Michael Schur

NBC/Netflix

“Como é que se é boa pessoa?” É esta pergunta que esta sitcom sobre filosofia moral passada após a morte tem vindo a colocar desde o início, mesmo que tudo tenha mudado. Ted Danson continua a ser um tesouro da televisão, bem como o elenco que o acompanha, mas é D’Arcy Carden quem tem vindo a destacar-se nesta terceira temporada de uma série que se mantém hilariante, profunda e acolhedora. R.N.

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2

Atlanta Robbin’ Season

Donald Glover

FX/FOX Comedy

A idiossincrásica série cómica de Donald Glover — que, só em 2018, também teve This is America e fez de Lando Calrissian — centrada na cidade homónima melhorou na segunda temporada. Foram 11 episódios que nos deram Teddy Perkins, festas em casa de Drake, celebrações de Fastnacht, uma tragédia escolar nos anos 1990, uma ida a um barbeiro que foge antes de acabar o corte e uma fuga pela floresta. R.N.

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1

Sara

Marco Martins, Bruno Nogueira

RTP 2

Dizer de uma série que é daquelas que contêm muitas outras pode ser um lugar comum (quando se fala de séries de qualidade, com camadas suficientes para nos estimularem) e proclamá-lo sobre Sara pode ser o mais óbvio dos cenários. Afinal, à boleia da exploração por parte de uma actriz do que é o seu percurso, a sua carreira, Sara leva-nos à caricatura do cinema de autor português, ao pastiche da novela e a tantos outros registos — mesmo quando não está a ser um show within a show, e sobretudo, e brilhantemente, aí. Sara é pura comédia nos seus pontos altos e drama interior nos seus momentos introspectivos, quando Beatriz Batarda, mulher e actriz cuja plasticidade é sempre de sublinhar, se relaciona com o pai, com o grilo falante que é o seu fantasmagórico agente (Albano Jerónimo), e mesmo com o coach que só podia ser Bruno Nogueira ou com o co-protagonista canhestro da sua novela vinhateira (Nuno Lopes). São oito episódios e ainda estão online para todos verem. Sara é uma prova de futuro. É uma série portuguesa, daquelas que a RTP começou a produzir com espírito de missão na anterior direcção de programas e que foi realocada para a RTP2 apesar de ter sido pensada para o canal 1. Ali montou casa, casa erguida por Marco Martins, um realizador irrequieto num ano de mil instrumentos e que se encontra aqui com actores de primeira linha para falar sobre teatro, cinema, sobre mulheres (e mulheres de 40 anos, a quem possa interessar a nuance que não é de somenos), mas sobretudo sobre a vida filtrada pela autoreflexão, e que dirige uma orquestra feita de gente feliz com lágrimas. J.A.C.

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