As manchas que o sol traz podem afectar a auto-estima. Como prevenir?

Apesar de não apresentar qualquer problema a nível de saúde física, a hiperpigmentação pode afectar a auto-estima de quem é diagnosticado. Que tipos de manchas há e como é que se podem prevenir?

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As sardas não preocupam tanto quem é diagnosticado com hiperpigmentação como o melasma e hiperpigmentação pós-inflamatória DR

Chega o Verão e com a nova estação vem maior exposição solar. O sol é uma fonte rica em vitamina D, por exemplo, mas apresenta também os seus riscos. Afinal, de acordo com os especialistas, a luz solar é um dos principais factores responsáveis pela hiperpigmentação. O PÚBLICO falou com três dermatologistas para perceber o que é, como se pode prevenir e como se pode tratar.

A hiperpigmentação ocorre quando se produz melanina em excesso e, quando alguém é diagnosticado, geralmente quer dizer que tem manchas benignas na pele. “Significa apenas que há um pigmento mais escuro do que o habitual”, explica a dermatologista Helena Toda Brito, do Hospital Lusíadas. Por isso mesmo, é um conceito “muito genérico”.

Dentro da hiperpigmentação, existem vários tipos diferentes. Fernando Guerra, dermatologista nas clínicas Epilaser e Personal Derma, distingue entre três tipos comuns: sardas, melasma e hiperpigmentação pós-inflamatória. Normalmente, as duas últimas são vistas com preocupação pelos doentes. De tal maneira que a dermatologista Ana Moreira, da clínica Allure, assinala que “algumas pessoas acabam por ficar com a sua auto-estima bastante afectada”. Não obstante, descansa os doentes quanto a eventuais problemas de saúde física, visto que a hiperpigmentação afecta só a nível estético.

Nem o melasma nem a hiperpigmentação pós-inflamatória são graves para a saúde física de quem é diagnosticado. Contudo, os cuidados não devem ser descartados. No caso do melasma, este adopta muitas vezes o termo de “pano da gravidez”, como aponta Fernando Guerra, por incidir com maior frequência entre mulheres grávidas, embora possa afectar pessoas de todas as idades e géneros. Nesse caso, o nome científico é cloasma. Já a hiperpigmentação pós-inflamatória tende a surgir, como o nome indica, depois de tratada uma inflamação.

O melasma pode ser causado por um variado conjunto de factores, como a exposição solar, mas também as hormonas femininas. De acordo com os estudos, o nível de hormonas no corpo é afectado durante a gravidez. A toma da pílula também pode contribuir, dado que esta contém estrogénio e progestagénio.

Apesar de haver tratamentos disponíveis, “o melasma é uma patologia crónica” que costuma aparecer no rosto, mas também pode surgir nos braços e na zona do decote, refere Ana Moreira. Dessa forma, pode sempre piorar. “As lesões vão ter sempre tendência para voltar quando se repetir a situação de exposição solar”, desenvolve o médico Fernando Guerra.

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Protecção do sol é principal receita

O mais importante é, ao sinal de alguma mancha na pele, ir ao dermatologista para se “perceber o que é que é”, recomenda Helena Toda Brito. Depois, vem o tratamento. Diferentes tipos de hiperpigmentações podem obrigar a tratamentos distintos, consoante, por exemplo, a profundidade na pele. Este pode ir de uma terapia a laser a peelings (esfoliações) ou medicamentos, sobretudo à base de hidroquinona, que tem um efeito despigmentante, aponta Fernando Guerra.

No entanto, não se pode de alguma maneira descurar os cuidados com o sol. É aí que reside o maior mecanismo de prevenção contra a hiperpigmentação. “A prevenção passa sempre pela protecção da exposição ao sol”, assinala Ana Moreira. Consiste principalmente no uso regular de protector solar, preferencialmente com protecção 50, mas também de chapéu e de óculos de sol.

Implica ainda “evitar a exposição solar directa nas horas perigosas”, alerta a dermatologista Helena Toda Brito. Já Fernando Guerra indica alguns outros produtos que podem ser preciosos para proteger a pele, como suplementos com plantas, que são vendidos nas farmácias. Ana Moreira sugere mesmo uma rotina diária, com a aplicação de um creme de protecção alta contra o sol antes de sair de casa e de um creme antimanchas ou uniformizador à noite.

Apesar de notar uma certa preocupação com a pele e o seu cuidado, a dermatologista da Allure não tem dúvidas de que vai continuar a haver “um número crescente de pessoas a adquirir este tipo de manchas”. Já Fernando Guerra deixa um aviso: “Isto é um problema de saúde”. E, por isso, “tem de ser tratado por um médico”.


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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