“Nós, como mulheres, não temos um fórum para discutir as profundezas desta perda. Eu perdi nove filhos por aborto espontâneo”, escreveu a actriz Sharon Stone na caixa de comentários da publicação de Instagram da revista People sobre a entrevista exclusiva à dançarina neozelandesa Peta Murgatroyd.
Murgatroyd, de 35 anos, recordou como foi levada ao hospital depois de, dias antes, ter tido teste positivo ao novo coronavírus. “Não tinha forças. Não conseguia abrir uma máquina de lavar louça. Não conseguia abrir o frigorífico para dar de comer ao Shai”, o filho de cinco anos, descreveu. Só que, já internada, recebeu a notícia de que tinha estado grávida, mas perdera o bebé. Uma revelação que o marido, o coreógrafo ucraniano Maksim Chmerkovskiy, de 42 anos, que se encontrava no país natal, ouviu através do telefone em alta voz, tendo interpretado como se estivessem à espera de um segundo filho.
Sharon Stone, que é mãe de três rapazes que adoptou, Quinn Kelly, Laird Vonne e Roan Joseph, aproveitou o espaço público para falar das suas próprias perdas e de como se lida com a dor numa espécie de isolamento. "Não é uma coisa pequena, física ou emocionalmente, mas somos obrigadas a sentir que é algo que temos de suportar sozinhas e em segredo com algum tipo de sensação de fracasso.”
A actriz, cujo cruzar de pernas em Instinto Fatal ficou para a história do cinema, reclamou ainda do facto de, “em vez de recebermos a compaixão e empatia e cura tão necessárias e de que tanto precisamos, a saúde e o bem-estar das mulheres entregues aos cuidados da ideologia masculina tornou-se, na melhor das hipóteses, laxista, ignorante e violentamente opressiva”.
Esta não é a primeira personalidade pública a falar abertamente sobre o impacte de um aborto espontâneo. Em Novembro de 2020, a duquesa de Sussex revelou, num artigo assinado no New York Times, que sofreu um aborto espontâneo, tocando num assunto que descreveu na altura como ainda sendo um tabu e com o objectivo de quebrar o “ciclo de luto solitário”.