Seca
Em Itália, caminha-se onde corria o Pó, o rio mais longo do país
Partes do maior reservatório de água doce de Itália, a linha que divide o topo da “bota” do resto do país (cano, sola e salto), secaram devido à pior seca dos últimos 70 anos.
O Pó, rio mais longo de Itália, atingiu o nível mais baixo dos últimos 70 anos. Em certas partes, o maior reservatório de água doce do país chegou a desaparecer por completo, deixando um caminho de terra seca e gretada. Os reservatórios hidroeléctricos estão em níveis historicamente baixos e a seca do rio, que percorre 652 quilómetros desde a cidade de Turim até desaguar no mar Adriático, em Veneza, está a pôr em risco o acesso a água potável nos distritos densamente povoados e altamente industrializados do norte de Itália. Para quem cultiva na mais importante área agrícola do país, isto significa água salgada a infiltrar-se na terra e a murchar culturas.
O observatório que supervisiona o rio italiano disse que a procura por água na bacia do vale do Pó é elevada, mas que a oferta está “a esgotar-se” após meses de quase nenhuma chuva, escreve a Ansa, a principal agência de notícias italiana. Para piorar a situação, não há sinais de abrandamento da crise, com previsões que indicam que a falta de chuva vai continuar, com temperaturas elevadas.
Os problemas começam nas montanhas onde a neve está no seu ponto mais baixo dos últimos 20 anos — menos 50 por cento do que a média sazonal. Os glaciares dos Alpes, que funcionam como reservatórios para alimentar o rio, estão a encolher todos os anos.
Num parque, na aldeia de Gualtieri, ciclistas e caminhantes param para espreitar o Zibello, uma barcaça de 50 metros de comprimento (164 pés) que transportou madeira durante a segunda guerra mundial, mas que se afundou em 1943. É a primeira vez que muitos a vêem, mas poucos ficam felizes com a descoberta.