Protesto para travar desflorestação com homenagem a Dom Phillips e Bruno Pereira

Elementos da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) participaram esta quinta-feira num protesto em frente à Comissão Europeia, em Bruxelas, e lembraram o caso de jornalista e activista encontrados mortos esta semana na Amazónia.

Reuters/ Johanna Geron
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Alguns elementos da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) juntaram-se esta quinta-feira em frente à Comissão Europeia, em Bruxelas, apelando à UE para que reforce partes fundamentais do seu projecto de regulamento sobre produtos sem desflorestação. Além dos cartazes e faixas sobre as regras que devem entrar em vigor para controlar produtos associados a processos de desflorestação, os membros da APIB lembraram o caso que foi notícia em todo o mundo nestes últimos dias com a morte de um jornalista e um activista na Amazónia que visitaram a região para um trabalho de investigação. 

A proposta de legislação para produtos sem desflorestação, isto é, um regulamento que visa impedir a entrada, no mercado da União Europeia (UE), de certos produtos e matérias-primas cuja produção está associada a processos de desflorestação foi apresentada em Novembro de 2021. Trata-se de um regulamento que será fundamental para o combate da desflorestação a nível global, e que se esperava que fosse seja melhorado e reforçado em 2022. 

O desmatamento na floresta da Amazónia brasileira atingiu um recorde no passado mês de Abril, quase duplicando a área de floresta que foi removida em Abril de 2021.  A desflorestação da Amazónia aumentou desde que o Presidente brasileiro Jair Bolsonaro iniciou o seu mandato em Janeiro de 2019, enfraquecendo a política de protecção ambiental. Bolsonaro defende que a agricultura e a mineração vão diminuir a pobreza naquela região.

Nos primeiros 29 dias de Abril, a desflorestação foi de 1012 quilómetros quadrados (por comparação, o Parque Nacional Peneda-Gerês tem 695 quilómetros quadrados), de acordo com a informação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil. A desflorestação do mês de Abril alcança o terceiro recorde mensal deste ano, depois de outros recordes terem sido atingidos nos meses de Janeiro e Fevereiro. Desde o início do ano até ao final de Abril, a área desflorestada atingiu um total de 1954 quilómetros quadrados, um aumento de 69% comparado com o mesmo período de 2021.

A Amazónia é dos lugares do mundo mais afectados pelo avanço desenfreado da desflorestação. O protesto desta quinta-feira contou ainda com uma homenagem a um jornalista e um activista que esta semana foram encontrados mortos quando viajaram para a Amazónia para um trabalho de investigação que poderia denunciar crimes e ilegalidades naquela região, ajudando a proteger aquela área. Os corpos do jornalista britânico Dom Phillips e do activista e indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira foram encontrados na noite de quarta-feira numa zona remota da Amazónia.

Reuters/ Johanna Geron
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