Palcos da semana

O activismo das Pussy Riot ressoa no Porto e em Lisboa. À Invicta vai também o Primavera Sound, enquanto a capital mergulha n’As Ondas. Chrysta Bell lança-se numa minidigressão pelo país. E a Covilhã prepara-se para as artes urbanas de mais um Wool.

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Chrysta Bell vem apresentar o novo Midnight Star DR
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As Pussy Riot expressam o seu protesto em dois concertos Paulo Pimenta
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Nick Cave volta a marcar presença no Primavera Sound Paulo Pimenta
Jorge Silva Melo
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O Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser estreia As Ondas Tuna
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O colectivo Reskate participa no Wool - Covilhã Arte Urbana DR

Alien futurista

Para David Lynch, Chrysta Bell é uma musa em forma de sexy alien. Ela, por seu lado, descreve-o com mentor e inspiração. A colaboração vem de longe. Pertence-lhe a voz da canção Polish poem, que se ouve no filme Inland Empire. Também entrou em Twin Peaks: The Return. Já lançaram dois discos juntos. Se chamamos o realizador-músico à conversa, é por ser indissociável do plano onírico, etéreo e teatral em que Chrysta Bell se move. O reencontro com a cantora (e compositora, actriz e modelo) norte-americana, que foi sendo adiado pela pandemia, concretiza-se agora, em quatro datas integradas na digressão sustentada por uma odisseia musical futurista chamada Midnight Star, o álbum que lançou no início deste ano.

Da Rússia, com activismo

Desde 2012 que as Pussy Riot têm Putin no seu encalço. Por causa da “oração punk” que fizeram na Catedral de Moscovo – um protesto contra a opressão do regime, sobretudo em questões de género – foram presas e perseguidas. Mas o grito do colectivo feminista russo fez-se ouvir pelo mundo, gerando ondas de apoio de toda a sorte. Hoje, esse grito ecoa ainda mais. Com elas vêm os traumas e o pânico face à Guerra na Ucrânia, mas também um sentido activista urgente e inabalável, que se expressa em concertos como o que Paredes de Coura viu em 2018 e que o Porto e Lisboa se preparam para presenciar.

Meia volta e As Ondas

N’As Ondas do Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser, os solilóquios do romance de Virginia Woolf são transpostos para um ambiente artificial: um estúdio de chroma que permite mudanças constantes. Ora é espaço de brincadeira, ora de socialização, ora de luto. É assim que o grupo cria um “aparente não-lugar” que permite construir “as paisagens plásticas e emocionais que estas seis figuras atravessam”, desde a infância até à idade adulta. É mais uma investida da companhia aos conceitos de envelhecimento e passagem do tempo – depois de Joyeux Anniversaire –, que aqui se interseccionam com outros como individualidade e comunidade. Criada e interpretada por Alfredo Martins, Anabela Almeida, Duarte Guimarães, Luís Godinho, Sara Duarte e Tânia Alves, a peça baseia-se na tradução do romance por Francisco Vale.

Primavera, finalmente

Nick Cave, Tame Impala, Pedro Mafama, Beck, Pavement, Gorillaz, Interpol e Dinosaur Jr. fazem parte do cartaz da versão portuense do Primavera Sound, que está prestes a matar, finalmente, as saudades do Parque da Cidade, acumuladas à conta dos adiamentos provocados pela pandemia. Perfila-se também como o primeiro momento para saciar a sede dos grandes festivais. Estes nomes são apenas alguns dos chamarizes da nona edição. Mas há mais quatro palcos, para além do principal, a disputar a atenção dos festivaleiros ao longo de três dias de música, num total de 66 actuações.

Cidade cheia de Wool

Tecido na malha urbana da Covilhã, o Wool volta a encher fachadas, empenas, paredes, muros e o que mais se preste às mãos dos street artists, recheando ainda mais um roteiro de arte urbana que vem enfeitando a cidade desde 2001 – é o mais antigo festival do género no país – e conta com obras de Vhils, Bordalo II, Pantónio e muitos, muitos outros. As propostas dos catalães Cinta Vidal e Reskate e dos portugueses Ruído, Francis.co e Nuno Sarmento sobressaem no grupo de artistas convocados. No programa paralelo entram acções comunitárias, conversas, exposições, workshops, visitas guiadas (a pé ou de tuk-tuk) e um concerto de Fred.

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