Taliban proíbem mulheres de ouvirem a voz umas das outras no Afeganistão

Khalid Hanafi, ministro da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, anunciou no início desta semana que as mulheres não devem ser ouvidas por outras mulheres a rezar em voz alta.

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Os pormenores exactos desta nova lei ainda não são conhecidos, mas activistas afegãos dos direitos humanos alertaram para uma eventual restrição total ao direito das mulheres poderem conversar entre si ALI KHARA
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Após terem sido proibidas de falar em público, as mulheres afegãs estão agora sujeitas a uma nova regra imposta pelas autoridades taliban: devem abster-se de recitar o Alcorão em voz alta na presença de outras mulheres.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, o ministro afegão da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, Khalid Hanafi, anunciou na segunda-feira esta nova restrição, promovida como estando em conformidade com a lei sharia (lei islâmica).

“Mesmo quando uma mulher adulta está a rezar e outra mulher passa, esta não deve rezar suficientemente alto para que a outra mulher a ouça”, declarou Khalid Hanafi, citado pelo mesmo jornal, acrescentando ainda que estas são “novas regras que serão implementadas gradualmente, e Deus estará a [ajudá-los] em cada passo que derem”.

“Como é que lhes é permitido cantar, se nem sequer lhes é permitido ouvir as vozes [umas das outras] enquanto rezam, quanto mais para qualquer outra coisa?”, declarou ainda o ministro, através de uma mensagem de voz, informou a Amu TV, um canal de notícias afegão sediado na Virgínia, EUA.

Os pormenores exactos desta nova lei ainda não são conhecidos, mas activistas afegãos dos direitos humanos alertaram para uma eventual restrição total ao direito das mulheres poderem conversar entre si, significando um ainda mais pronunciado afastamento das mulheres afegãs do espaço público.

“Tudo o que ele diz é uma forma de tortura mental para nós”, declarou uma mulher afegã em Cabul ao The Telegraph. “Viver no Afeganistão é incrivelmente doloroso para nós, mulheres. O Afeganistão está esquecido e é por isso que nos estão a reprimir – estão a torturar-nos diariamente. Dizem que não podemos ouvir as vozes das outras mulheres e eu não percebo de onde vêm estas opiniões”, acrescentou.

“Isto ultrapassa a misoginia”, disse Nazifa Haqpal, uma antiga diplomata afegã, ao jornal britânico Independent. “É o exemplo de um nível extremo de controlo e de absurdo”, afirmou.

Os taliban retomaram o controlo do Afeganistão em 2021, após a retirada dos EUA do país, e desde então tem sido crescente o número de restrições impostas às liberdades e direitos das mulheres. Para além desta proibição mais recente, desde Agosto deste ano que as mulheres afegãs são obrigadas a cobrir o corpo e o rosto na presença de homens que não pertençam à sua família, não podem usar a sua voz em público através de canções ou poesia, entre outras restrições impostas pela “lei da moralidade”.

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