Ucrânia
Uma maratona de tatuagens para ajudar o exército ucraniano: “Vamos fazer isto até ao fim da guerra”
Numa antiga fábrica no centro de Kiev, 15 tatuadores trabalham com o propósito de arrecadar dinheiro para as forças armadas da Ucrânia que combatem o exército russo.
- Diz-nos como melhorar o P3 e recebe um mês de assinatura do PÚBLICO. Só tens de responder a este breve inquérito.
Há sete semanas que, todos os sábados, uma maratona de tatuagens numa antiga fábrica, em Kiev, tem vindo a atrair clientes. Os fundos arrecadados são doados às forças ucranianas, que lutam contra as tropas russas desde 24 de Fevereiro.
A iniciativa já angariou o equivalente a cerca de 8500 euros, revelou à Reuters o seu promotor, Sasha Filipchenko, de 34 anos, natural da península da Crimeia, território ocupado pela Rússia desde 2014. "Vamos continuar a fazer isto até ao fim da guerra", disse Filipchenko.
Num sábado normal, 50 a 70 pessoas recebem tatuagens feitas por 15 artistas. "Porque não tentar?", questiona Zhylson Buakela, tatuador ucraniano-brasileiro, de 37 anos. "Fizemo-lo durante uma ou duas semanas e agora já é a sétima... Desde que possamos tirar algum capital e dá-lo ao exército, penso que é o melhor que se pode fazer", considera.
Depois dos combates se terem afastado da região de Kiev no início de Abril, a vida cultural começou a regressar à capital da Ucrânia. Restaurantes e bares foram reabrindo, à medida que grupos de jovens voltaram a encher os espaços públicos da cidade. A maratona de tatuagens tem lugar no distrito de Podil, um centro hipster antes da guerra que está a mostrar sinais de renascimento.
Myroslava Arnautova tem 18 anos e foi fazer a sua primeira tatuagem. A jovem decidiu tatuar um esboço de um pássaro, desenhado originalmente pelo artista ucraniano Lyubov Panchenko, de 85 anos, morto durante os combates na cidade de Bucha, na região de Kiev, em Abril. "Esta é a minha primeira tatuagem, mas agora parece que a tive minha vida toda", disse a jovem à Reuters.
Para alguns, a inspiração veio durante os dias mais aterradores da guerra. Liliya Tolmachova, de 22 anos, escolheu uma tatuagem de um caixão com a palavra "Banderolka" ("pacote", em português), que tem semelhanças com o nome de Stepan Bandera, um líder nacionalista da resistência ucraniana durante a Segunda Guerra Mundial.
Tolmachova conta que teve a ideia enquanto se escondia num abrigo, na cave de uma escola, durante os bombardeamentos. "Isto foi feito de uma forma humorística", diz, como se fosse um apelo para a Rússia "levar de volta os seus soldados mortos". "Não os queremos aqui, por favor."