Santos Silva aceitou convite do homólogo ucraniano para ir a Kiev - data “será tratada com discrição”
Visita será feita “oportunamente” e poderá incluir uma pequena delegação de deputados.
Foi uma conversa de cerca de meia hora em que se falou da adesão a Ucrânia à União Europeia, do apoio de Portugal ao país alvo da invasão russa há quase dois meses e em que Augusto Santos Silva aceitou o convite do seu homólogo, o presidente do Parlamento ucraniano, para visitar Kiev. Não haverá data ainda - “Será logo que seja oportuno”, afirmou o presidente da Assembleia da República aos jornalistas - mas tudo “será tratado com a discrição indispensável”, vincou Augusto Santos Silva.
Este último comentário da segunda figura do Estado pode ser lido como uma indirecta ao facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter revelado hoje, durante uma escala da sua viagem rumo a Timor, que o primeiro-ministro António Costa vai visitar Kiev ainda esta semana. A data da deslocação do chefe do Governo não era conhecida por razões de segurança.
“O presidente do Parlamento ucraniano reiterou o convite para a minha deslocação a Kiev e eu, mais uma vez, aceitei. Será realizada oportunamente”, descreveu Augusto Santos Silva aos jornalistas no final da reunião por videoconferência. Não era ainda conhecido que Ruslan Stefanchuk, presidente do Conselho Supremo da Ucrânia, já tivesse convidado Augusto Santos Silva para se deslocar à capital ucraniana.
“Manifestei o apoio de Portugal à Ucrânia e que ele é unânime entre os diferentes órgãos de soberania - Presidência da República, Assembleia da República e Governo”, contou Santos Silva que recebeu de volta um sincero agradecimento do seu homólogo pelo apoio prestado por Portugal. O presidente do Parlamento garantiu que esse apoio continuará nas várias frentes em que se tem desenrolado.
No plano humanitário, com o acolhimento de dezenas de milhares de refugiados; “nos planos de sanções contra o agressor”, já que Portugal subscreveu todos os pacotes de sanções aprovados pela União Europeia, incluindo o embargo total à importação de petróleo da Rússia; no plano militar com o envio de equipamento militar e de saúde; no plano da reconstrução das zonas que o exército ucraniano já libertou da ocupação russa e na reconstrução económica do pós-guerra; e no apoio à cooperação entre a União Europeia e a Ucrânia.
É possível que a deslocação de Santos Silva a Kiev seja acompanhada, como é tradicional nas visitas oficiais do presidente da Assembleia da República, por uma delegação de deputados dos diversos grupos parlamentares - aconteceu recentemente na sua ida ao Brasil, com deputados da comissão de Negócios Estrangeiros e eleitos pelo círculo Fora da Europa; voltará a acontecer numa ida programada à Suécia. Além disso, o PSD já tinha proposto na comissão de Negócios Estrangeiros uma visita de deputados a Kiev. “Há diálogo em curso entre as comissões parlamentares”, realçou Santos Silva reiterando que “as questões de organização da futura deslocação parlamentar à Ucrânia serão tratadas com a eficiência e discrição necessárias nestes casos.”
Na conversa entre os líderes dos parlamentos não se falou sobre a visita de António Costa a Kiev - “são órgãos de soberania diferentes”, lembrou - nem acerca dos problemas recentes no acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, garantiu Santos Silva.
Mas falaram sobre o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia. E o presidente salientou a rapidez com o país respondeu ao questionário prévio da Comissão Europeia, que agora tem que elaborar um parecer sobre ele. Santos Silva deseja que este seja divulgado até à reunião do Conselho Europeu de 23 e 24 de Junho para que no encontro se possam debater já os futuros passos para a integração, mas admite que “é um processo longo, que demorará o seu tempo”.