Biodiversidade
As imagens do encontro dos linces-ibéricos com a liberdade
Sidra e Salao. Assim se chamam os dois linces-ibéricos que foram libertados esta terça-feira num descampado perto de Alcoutim, no Algarve. Têm 13 meses de idade e chegaram do outro lado da fronteira, do Centro de Cría del Lince-Ibérico de Zarza de Granadilla, em Cáceres. É comum que as crias que nasçam em Portugal sejam libertadas em Espanha e vice-versa, para que haja maior diversidade genética e para que os linces fiquem em menor risco. Aprendem a caçar por si próprios e o contacto com os humanos é quase nulo para que a introdução na natureza possa ser feita com sucesso.
Os dois linces-ibéricos tinham sido submetidos a um controlo sanitário no centro onde nasceram e levam consigo duas coleiras que permitirão acompanhar, à distância, o caminho que percorrem. As coleiras têm bateria, portanto só será possível saber por onde andam nos primeiros tempos. Os dois linces-ibéricos soltados na terça-feira não são “parentes”. A fêmea Sidra é filha de Narina e Paiño e o macho Salao é filho de Omeya e Norteño. Em Fevereiro, também foram libertados dois outros linces na região do Algarve: foi a primeira vez que houve este alargamento para fora do Alentejo, que aconteceu precisamente por se ter percebido que tem sido esse o trajecto natural dos linces.
Em solo português, estão 33 linces-ibéricos (23 adultos e dez crias) no Centro Nacional de Recuperação do Lince Ibérico, em Silves. O acompanhamento é feito ao longe, através de câmaras de vigilância e os linces são treinados para que depois possam ser libertados para a natureza. O complexo de treino, inserido neste centro, foi apresentado publicamente na terça-feira e corresponde a um investimento de 598 mil euros por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este centro também tem capacidade para acolher linces que já estejam na natureza, mas que se encontrem doentes ou feridos.
Ainda que o lince-ibérico estivesse quase extinto na viragem do século, com menos de 100 indivíduos em Portugal e Espanha, agora existem cerca de 1100 nos dois países (209 deles em Portugal). A destruição do seu habitat, os atropelamentos e a caça ilegal são alguns dos motivos do seu desaparecimento, assim como a falta de variabilidade genética e a diminuição da sua presa preferida: o coelho-bravo. Na última década, têm sido feitas reintroduções destes linces na natureza para que possam prosperar sozinhos. O objectivo é conseguir dizer, daqui a uns anos, que o lince-ibérico foi realmente salvo da extinção.