Audi e Porsche aceleram rumo à Fórmula 1
Responsável da Volkswagen assumiu que 2026 é a altura ideal para a entrada das duas marcas “premium” na maior competição automóvel do mundo.
A Volkswagen, através do seu chefe executivo Herbert Diess, assumiu esta segunda-feira, na sequência de uma entrevista concedida à Reuters, que a possibilidade de concretizar o plano de entrar na Fórmula 1, através da Audi e da Porsche, a partir de 2026, é cada vez mais real. Falta apenas definir as condições, aguardando-se o anúncio oficial dentro de dois meses.
O responsável da Volkswagen considera que 2026 é o momento ideal para avançar, já que em condições normais seriam necessários dez anos para que uma nova equipa na F1 pudesse atingir o nível exigido para competir com os melhores.
A alteração dos regulamentos prevista para daqui a quatro anos será, na perspectiva da Volkswagen, a janela ideal, uma vez que esbate a vantagem das actuais equipas, que terão os mesmos desafios colocados a quem chega de novo.
“Só uma alteração significativa dos regulamentos, que coloque todas as equipas em pé de igualdade, nos permitirá avançar sem termos que fazer um investimento que só produzirá resultados desportivos a cinco ou dez anos. E 2026 é o momento certo para entrar se quisermos tomar este tipo de decisão. Caso contrário, esperam-nos mais dez anos. Daí que as nossas duas marcas ‘premium’ acreditem que este será o tempo certo para avançar”, explicou Herbert Diess numa gravação vídeo em que respondeu a algumas questões colocadas pelos residentes de Wolfsburgo, cidade-sede da empresa, curiosos sobre os planos da Volkswagen.
Herbert Diess explicou que a transição para uma unidade motriz cada vez mais dominada pelos motores eléctricos, bem como os combustíveis sintéticos, são factores que permitem um ganho de três ou quatro anos no desenvolvimento quando comparado com uma entrada na F1 em circunstâncias normais.
Na base da decisão, que não envolverá o nome da Volkswagen mas apenas da Audi e da Porsche, separadamente, estão factores como o enorme impacto que a Fórmula 1 teve nos últimos anos, facto a que não é alheia a entrada em cena da Netflix, com a série Drive to survive, registando-se um crescimento significativo nos Estados Unidos da América e na Ásia.
“A Volkswagen, enquanto marca, não pretende envolver-se neste projecto. Não se adequa e não participará. O que não se aplica à Porsche e à Audi”, que beneficiariam tanto a nível de desenvolvimento como de marketing, perspectivando o aumento de vendas.
“A Audi não tem o mesmo peso da Porsche, mas tem um grande potencial, pelo que beneficiaria ainda mais, enquanto marca, de uma entrada na F1”, argumentou Herbert Diess, lembrando que também Wolfsburgo tem a ganhar com esta aposta.
A discussão estende-se à cidade, mas também na Volkswagen existem vozes menos optimistas no que diz respeito à estratégia a adoptar pela empresa, quando há outras prioridades e desafios que a indústria automóvel enfrenta com o desenvolvimento dos carros do futuro. Apesar de tudo, tanto a Audi como a Porsche já iniciaram o desenvolvimento de motores.
“Se quisermos ter uma presença no desporto motorizado, a Fórmula 1 é o palco com maior impacto. Quando analisamos o mundo do automobilismo, o que marca a grande diferença é a Fórmula 1”, garante Diess.
Perante este quadro, parecem não restar grandes dúvidas quanto ao envolvimento da Volkswagen, que deverá apostar em duas frentes, usando a Porsche para formar uma aliança com a Red Bull, e a Audi como parceira da McLaren, existindo ainda a possibilidade de, em alternativa, associar-se à Sauber ou à Aston Martin.