O plano da FPF para o que quer que o futebol seja em Portugal
Documento traça a forma como a federação pretende desenvolver a modalidade no país num horizonte temporal que vai até 2030. Crescimento no número de praticantes, melhoria da qualidade do jogo, maior envolvimento dos adeptos... mas há mais.
Há uma guerra na Europa, uma pandemia no mundo. O futuro, mesmo a curto prazo, é tudo menos previsível. Mas isso não impediu a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de olhar mais à frente e desenhar um plano com objectivos e metas para o que quer que a modalidade seja num horizonte temporal que se estende até 2030. São várias as apostas expostas no documento, mas há três com especial relevância: fazer aumentar o número de praticantes, com um enfoque muito especial no futebol feminino, contribuir para que os jogos sejam melhores e mais atractivos e incrementar o envolvimento dos adeptos com o futebol.
No que toca ao número de praticantes, a direcção da FPF tinha fixado como meta chegar a 2024 com 300 mil praticantes. Esse objectivo enfrentou um obstáculo inesperado: a pandemia de covid-19, que levou a uma interrupção abrupta de uma trajectória de crescimento praticamente constante do número de atletas federados desde o início do século. Com excepção do futsal, a recuperação no futebol feminino e do futebol masculino já é perceptível e a ambição agora é chegar ao final da década com 400 mil jogadores federados, 75 mil dos quais femininos.
Mas para trazer mais gente para a modalidade, um dos aspectos cruciais é melhorar a qualidade do jogo. A FPF também sabe o que quer para tornar as partidas mais atractivas. E nesse aspecto, merece especial destaque o desejo de conseguir uma média de tempo útil de jogo superior a 60%.
Ao nível das selecções, a federação quer manter-se no topo, considerando este aspecto também como fundamental para manter o interesse na modalidade. No futebol masculino a FPF quer ver Portugal entre as cinco melhores do mundo e no feminino entre as 20 primeiras do ranking FIFA, enquanto no futsal a ambição é idêntica para homens e mulheres: ser os melhores da Europa e estar entre os três melhores do mundo.
Com uma candidatura ao Mundial de futebol em andamento, de braço dado com a Espanha e no final do horizonte temporal deste plano (2030), a FPF quer que até lá haja mais gente nos estádios e mais gente a consumir futebol. Ou seja, quer mais público e mais audiência. E a meta que foi colocada na Cidade do Futebol é, no mínimo, desafiante: uma ocupação média dos estádios de futebol superior a 50%.
Para operacionalizar todos estes objectivos e outros que o plano apresenta a FPF desenvolveu vários programas, alguns já no terreno, outros em preparação. E aqui há pontos que podem revolucionar o panorama actual do futebol português, nomeadamente no que diz respeito à actual organização competitiva.
Isto porque no plano é assumido que se pretende “rever a calendarização das competições nacionais e desenvolver mecanismos de solidariedade para melhorar os resultados das equipas portuguesas de futebol”. Um debate que já tem sido realizado muitas vezes mas que, habitualmente, gera muitas polémicas e poucos resultados. Pois bem. No plano que agora apresenta a FPF assume que as coisas irão mudar no que à calendarização diz respeito.
O fomento e desenvolvimento do futebol feminino é outra das prioridades para a década. Quer ao nível dos praticantes, quer ao nível do interesse no público, prometendo-se incentivos para dinamizar o crescimento dos clubes da I e II Ligas. Mas também a formação dos agentes do futebol, referindo-se os casos dos treinadores, dos árbitros ou dos dirigentes.
Nota também para o Programa Por cá até aos 23, que vai tentar encontrar formas de adiar a exportação de jogadores formados em Portugal para outros mercados.
Actualmente no seu terceiro e último mandato à frente da FPF, Fernando Gomes e a sua equipa apresentam um programa que vai para além de 2024, quando termina a sua presidência. A candidatura ao Mundial de futebol de 2030 pode justificar a ousadia. Resta saber se quem vier a seguir acolherá todos estes objectivos e dará seguimento ao programa e se daqui a oito anos ele foi maioritariamente cumprido.