Amber Heard não escreveu o artigo que levou Johnny Depp a processar a ex-mulher por difamação

Johnny Depp processou Amber Heard por causa de um artigo publicado no The Washington Post. Agora, em tribunal, ouviu-se que não foi a actriz que o redigiu.

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Amber Heard deverá testemunhar na próxima semana Reuters/POOL

“Falei contra a violência sexual — e enfrentei a ira da nossa cultura. Isso tem de mudar.” Este era o título de um artigo, publicado em Dezembro de 2018, escrito na primeira pessoa, em que se lia “há dois anos, tornei-me uma figura pública representando os abusos domésticos, e senti toda a força da ira da nossa cultura contra mulheres que se manifestam”. A referência, embora não aponte o dedo directamente a Johnny Depp, foi depressa relacionada com o episódio em que Amber Heard pediu o divórcio e apresentou uma providência cautelar contra o actor de Piratas das Caraíbas. Assim o entendeu Depp que interpôs uma acção contra a actriz por difamação.

Agora, foi declarado que, afinal, o texto não foi escrito por Amber Heard, que resistiu à inclusão de passagens sobre a sua experiência com Depp. Durante a audiência de quinta-feira, em que se ouviu o depoimento de Terence Dougherty, conselheiro geral da União Americana das Liberdades Civis (ACLU, na sigla original), soube-se que foi o organismo que compôs o artigo assinado com o nome de Heard, reflectindo o seu papel como embaixadora da ACLU em questões de violência de género.

O texto, segundo Dougherty, foi revisto tanto pelo gabinete jurídico da ACLU como pelos advogados da actriz, já que se pretendia que não fosse contra o acordo de confidencialidade que Heard tinha assinado no âmbito do divórcio. Já a data de publicação foi, confirmou a mesma testemunha, escolhida para coincidir com o lançamento de Aquaman, que chegou às salas norte-americanas a 21 de Dezembro de 2018 (em Portugal, estreou uma semana antes) e que se tornou um marco na carreira da actriz.

Esta foi a primeira vez, desde o início do julgamento, que a peça central do caso foi debatida com alguma profundidade, já que os testemunhos se têm focado mais na vida conjugal dos dois do que propriamente no texto publicado que Depp acusa de difamatório.

Além de falar sobre o artigo que causou a celeuma entre o ex-casal, Terence Dougherty foi também questionado sobre os 3,5 milhões de dólares (3,3 milhões de euros) que Amber Heard se comprometeu a doar à ACLU, depois de ter acordado os termos do divórcio por sete milhões (a actriz comprometeu-se a doar metade à ACLU e a outra metade ao Hospital Infantil de Los Angeles). Segundo Dougherty, a instituição terá recebido de 1,3 milhões de dólares: 350 mil pagos directamente por Amber Heard; cem mil, através de Depp; e 850 mil através de um fundo de doadores, entre os quais estaria Elon Musk.

Dougherty explicou que, com base num e-mail do CEO da Tesla, pensou-se que a doação de 3,5 milhões de dólares seria regularizada durante dez anos. Mas, ressalvou, esse plano nunca foi confirmado pela actriz.

Certo é que, depois da entrada em caixa de 1,3 milhões, as doações foram interrompidas. “Não recebemos quaisquer montantes em 2019 e nos anos seguintes”, confirmou Dougherty, que adiantou que a ACLU contactou a actriz para tentar perceber quando seria entregue outra parcela, tendo ficado “a saber que ela estava a ter dificuldades financeiras”.

Amber Heard deverá testemunhar na próxima semana e o julgamento continuará a ser transmitido em directo pela Court TV.

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