Parlamento do Canadá qualifica acções da Rússia na Ucrânia como “genocídio”
Moção foi aprovada por unanimidade e, apesar de ser simbólica, pretende pressionar o Governo de Trudeau a adoptar medidas mais duras contra o Kremlin.
A Câmara dos Comuns do Parlamento canadiano aprovou na quarta-feira, por unanimidade, uma moção que qualifica as acções militares dos soldados russos na Ucrânia como “genocídio”.
Apresentada por Heather McPherson, deputada do Novo Partido Democrático (centro-esquerda), a moção defende que existem “várias provas de crimes de guerra sistémicos e massivos contra a humanidade”, que incluem torturas, violações, deslocações forçadas de crianças, mutilações de cadáveres e abusos físicos e psicológicos.
Não sendo vinculativa – não exigindo, por isso, qualquer acção concreta do Governo de Justin Trudeau – a moção é, sobretudo, simbólica, e surge algumas semanas depois de o primeiro-ministro canadiano ter defendido que é “totalmente correcto” descrever a actuação das tropas russas em solo ucraniano como “genocídio”, dando respaldo a uma tomada de posição de Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, nesse sentido.
Ainda assim, McPherson espera que a sua aprovação sirva para pressionar o Governo a adoptar medidas mais duras contra a Federação Russa.
“[Esta moção] é uma ferramenta para incitar o nosso Governo a fazer mais. É uma ferramenta que serve para lembrar que o conflito na Ucrânia não acabou, que o apoio que temos vindo a dar não tem sido suficiente e que temos de fazer mais pela população da Ucrânia”, defendeu deputada
“As sanções têm sido implementadas demasiado lentamente [e] muito, muito tarde. Deram a oportunidade aos oligarcas russos para esconderem o seu património e, por isso, não têm sido adequadas”, sublinhou, citada pela CBC News.
McPherson defendeu ainda o aumento do financiamento canadiano ao Tribunal Penal Internacional, de forma a garantir que este tem os recursos necessários para investigar os crimes cometidos na Ucrânia.