O gosto pelo mar vem “desde pequenino”, quando passava férias na casa dos tios na Costa da Caparica. O prazer das artes manuais foi-se desenvolvendo ao longo dos 13 anos em que trabalhou como aderecista na RTP. Conjugar os dois foi um passo natural.

“Comecei a ver as praias cada vez estavam mais sujas, comecei a apanhar o lixo que encontrava e a achar piada a fazer pequenas montagens com madeiras, plásticos, bóias, imensas coisas que apanhava”, recorda José Costa à Fugas.

Dos longos passeios pelos areais que faz “o ano inteiro”, surgem agora peixes, cavalos-marinhos, baleias, corações, barcos, rostos, mochos, conforme aquilo que os objectos e a inspiração ditam no momento. “São todas desenhadas por mim, mas não há duas iguais.”

Com o lixo que foi encontrando pelo Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, por exemplo, decorou os 23 quartos de um hotel em Aljezur ou o restaurante do parque de campismo em Porto Covo onde trabalha. Agora, cerca de 30 peças vão dar corpo à exposição Cleaning Planet, na Oficina dos Sentidos, em Odemira, de 23 de Abril a 27 de Maio.

As peças são também um alerta: “As pessoas nem imaginam a quantidade de lixo que o mar expurga para as areias das nossas praias.” E um convite a que outros se juntem à causa. “Se cada um, no meio de um passeio, apanhar um saquinho com lixo, as praias ficavam muito mais bonitas e é isso que transmito às pessoas quando me abordam.”

“É pena as câmaras municipais não fomentarem mais este tipo de actividades”, lamenta, sugerindo a colocação de recipientes com painéis informativos nos acessos ao areal, de forma a incentivar as pessoas a levar um saco durante a visita à praia e, no regresso, deixarem ali o lixo recolhido. “É um gesto tão simples.”

No futuro, José gostava de criar uma actividade no parque de campismo que contempla um passeio pela praia para fazer uma acção de limpeza e termina num workshop. “No final do dia, levavam uma peça feita por eles, com uma ajuda minha.”

No Instagram, José Costa vai mostrando as suas arte em @woodpecker.art_