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O azul é a cor mais rara na natureza
Animais raramente têm a cor azul. Estruturas microscópicas presentes em penas, escamas e conchas dispersam a luz e brindam os olhos humanos com uma cor que, na verdade, não é real (salvo uma excepção).
O azul, tão evocado em versos e pinturas, tão comum nos catálogos de roupas e objectos decorativos, é uma cor muito rara em seres vivos. Menos de uma em cada 10 plantas possui flores azuladas. E ainda menos animais apresentam este matiz. Reunimos nesta galeria exemplos icónicos de anfíbios, aves, celenterados, crustáceos, insectos, peixes e répteis que apresentam, aos nossos olhos, esta coloração. “É de um azul puríssimo”, podia-se dizer, citando um verso de um poema de Eugénio de Andrade.
Mas, para sermos exactos, estes azuis não o são verdadeiramente. A tonalidade que os nossos olhos vêem é “fabricada” através de um processo chamado dispersão de Rayleigh. Neste fenómeno, estruturas microscópicas presentes em penas, escamas e conchas interferem no comprimento de onda da luz. A borboleta-azul, por exemplo, possui asas cobertas por delicadíssimas escamas em forma de crista que fazem com que o único cumprimento de onda reflectido seja o azul. Teria uma cor diferente se as escamas tivessem a forma côncava ou convexa.
Um fenómeno semelhante de dispersão da luz acontece com certos pássaros. Tomemos como exemplo o gaio-azul (Cyanocitta cristata): cada uma das suas penas apresenta estruturas microscópicas, na forma de missangas, dispostas de uma tal maneira que os comprimentos de onda são “espalhados” à excepção daquele que é responsável pelo azul. Há uma excepção na natureza, contudo: a borboleta da espécie Nessaea obrinus é considerada o único animal a produzir um pigmento real, “de um azul puríssimo”, chamado pterobilina.