Príncipe André chega ao memorial do pai com a rainha ao seu lado

Uma manifestação de apoio por parte da monarca que poderá representar o regresso do duque de Iorque aos deveres (e regalias) reais, após ter chegado a acordo no caso de abusos sexuais que enfrentava nos EUA.

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André foi o único filho a acompanhar a rainha na viagem de Windsor TOM NICHOLSON/Reuters

A rainha Isabel II chegou, há momentos, à Abadia de Westminster, onde decorre uma cerimónia em memória do duque de Edimburgo, que morreu em Abril passado, na companhia do filho André. A decisão está a ser lida como uma manifestação de apoio inequívoca ao príncipe depois de se ter visto obrigada a afastá-lo dos deveres reais e a retirar-lhe as honras militares.

Na prática, o acto poderá significar o regresso de André à vida activa da família real britânica, a reconquista dos seus patrocínios bem como o título de “sua alteza real” e, caso não haja resistência por parte das chefias militares dos vários ramos, a recuperação das divisas.

A decisão da rainha de mostrar-se em público de braço dado com o filho, tendo sido este o único a viajar consigo no carro de Windsor a Londres, surge depois de a batalha legal entre o príncipe André e Virginia Giuffre, a mulher que o acusava de abusos sexuais, ter chegado ao fim. Em Fevereiro, o filho de Isabel II e a advogada de 38 anos chegaram a um acordo, segundo documentos do tribunal a que o New York Times teve acesso. Os termos do acordo não vieram a público e desconhece-se o valor que o príncipe terá entregado à queixosa.

No entanto, os advogados do duque de Iorque avançaram na altura, em comunicado, que o príncipe pretende fazer “uma doação substancial” a uma associação que apoie “os direitos das vítimas” de abusos sexuais. Apesar de ter chegado a acordo, o príncipe André não admitiu nenhuma das acusações feitas pela queixosa. Aliás, o terceiro filho de Isabel II negou constantemente todas as acusações da advogada. Na polémica entrevista dada à BBC, em 2019, sobre o envolvimento com Jeffrey Epstein, afirmou não se lembrar de ter conhecido a jovem que, então, era menor de idade. Mesmo quando lhe foi apresentada uma fotografia que o mostrava ao lado da rapariga — incluída como prova na queixa —, o duque disse simplesmente que não se lembrava do momento.​ “Posso dizer categoricamente, com toda a certeza, que nunca aconteceu”, assegurou à BBC. “Não me lembro de alguma vez ter conhecido essa senhora”, garantiu.

Certo é que o caso de abusos sexuais abalou fortemente a monarquia britânica, num ano em que a coroa teve ainda de lidar com a perda de um Estado, quando Barbados se tornou uma república, cortando os laços com Isabel II; com as duras acusações de racismo e de falta de empatia feitas por Harry e Meghan numa entrevista a Oprah Winfrey; com o fim de uma investigação independente que concluiu que o jornalista Martin Bashir mentiu e enganou com o objectivo de persuadir a princesa Diana a concordar com uma entrevista em 1995, ao longo da qual a princesa revelou pormenores íntimos sobre a sua relação com o príncipe Carlos e sobre a sua vida no seio da família real, abrindo um fosso entre a BBC e a família real.

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