O ex-primeiro-ministro checo Andrej Babis foi esta segunda-feira acusado, junto com a sua ex-assessora Jana Nagyova, numa investigação por malversação de fundos da União Europeia. A acusação foi apresentada pelo procurador-geral da República Checa, Jaroslav Saroch.

Segundo informação avançada pelo porta-voz da Procuradoria de Praga, Ales Cimbala, o caso será julgado na capital checa e que Babis é acusado de fraude e de causar dano aos interesses da UE. Quanto a Nagyova, é acusada de auxílio à fraude, de acordo com a imprensa checa.

O caso está relacionado com um subsídio de 50 milhões de euros dado a uma das empresas do ex-primeiro-ministro e que acabou a ser usado para a construção da quinta Stork’s Nest, um complexo de lazer.

Babis, um multimilionário (é o quinto mais rico entre os checos para a revista Forbes) que liderou o Governo checo entre 2017 e 2021, tem negado sempre que tenha cometido algum crime (“posso afirmar em consciência que nunca fiz nada ilegal”), considerando que se trata de um processo “artificial e deliberado” para o obrigar a deixar a política manipulando a Justiça. A sua ex-assessora também se considerou inocente no caso.

O julgamento só pôde avançar porque há duas semanas, numa votação na câmara baixa do Parlamento checo, os deputados levantaram a imunidade de Babis, com 111 dos 176 eleitos presentes a votarem favoravelmente.

O partido de Babis foi derrotado nas eleições legislativas de Outubro do ano passado, desgastado pela pandemia, mas, também, pela divulgação dos Panama Papers, que revelaram a utilização de paraísos fiscais para comprar mansões de luxo no sul de França por 15 milhões de euros.

Apesar de ter repetido vezes sem conta que nada daquilo era ilegal e que tudo tinha acontecido antes de entrar na política, acabou por sofrer as consequências nas urnas, depois de ter chegado ao poder assente num discurso anticorrupção e contra a evasão fiscal.