Manchester City-Sporting: pela honra e contra a história

“Leões” enfrentam missão impossível no Etihad na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, a de dar a volta à derrota por 0-5 em Alvalade.

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Adán será a última barreira do Sporting frente ao Manchester City Reuters/CRAIG BROUGH

Há missões impossíveis no futebol? Talvez Gibraltar nunca venha a ser campeã mundial de selecções, talvez seja num futuro muito distante, no futebol nunca se sabe, dirá a sabedoria popular. Mas há umas missões mais impossíveis que outras e é na categoria de “mais impossível” que está a missão do Sporting nesta noite (20h, Eleven), a de dar a volta a uma derrota por 0-5 na casa de uma das melhores equipas da Europa, o Manchester City. Para seguir rumo aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, os “leões” têm de ganhar por seis golos de diferença, algo que nunca aconteceu na história das competições europeias. Um objectivo mais tangível para a equipa de Rúben Amorim será “apenas” a vitória, mas o técnico já se dará por satisfeito se o jogo for competitivo.

Ainda assim, vamos à história. Nunca ninguém recuperou de uma desvantagem de cinco golos na fase a eliminar de uma competição de clubes organizada pela UEFA. Mas de quatro golos de desvantagem, sim. Aconteceu várias vezes, a mais notável de todas protagonizada pelo Barcelona de Messi, Neymar, Suárez e Iniesta, que, após uma derrota por 4-0 em casa do PSG, venceu por 6-1 em Camp Nou e acedeu aos quartos-de-final da Champions em 2016-17.

E o Sporting também pode inspirar-se na sua própria história, na eliminatória ganha ao Manchester United, de George Best e Dennis Law, na Taça das Taças de 1963-64. Depois de um 4-1 em Manchester, o Sporting respondeu com um triunfo por 5-0, a caminho do triunfo na final em três jogos sobre o MTK de Budapeste. Outro pedaço de história relevante é a eliminação do próprio Manchester City na Liga Europa de 2011-12, com um 1-0 em Alvalade (o calcanhar de Xandão) e uma derrota por 3-2 no Etihad.

O jogo em Alvalade deixou bem evidentes as diferenças entre o Sporting e o Manchester City, e nunca chegou a ser competitivo — os “citizens” marcaram o primeiro golo aos 9’ e já ganhavam por quatro ao intervalo. Amorim quer que este segundo jogo frente ao campeão inglês seja mais disputado e com menos erros. “Ter alguma sorte, pressionar melhor… Tentar ir atrás da bola é quase impossível. Há muitos desafios a combater, mas queremos manter o resultado em aberto durante mais tempo”, assinalou o técnico.

Ausências dos dois lados

Mesmo com a vantagem que obteve em Lisboa, Pep Guardiola diz que não está totalmente confortável para o segundo embate com o Sporting, garantindo que o City só tem 14 jogadores da primeira equipa para apresentar. Entre lesionados e castigados, o técnico catalão não pode contar com João Cancelo, Rúben Dias, Nathan Aké, Kyle Walker e não deverá arriscar na utilização de Kevin de Bruyne — o belga está em risco de suspensão. “Temos alguns problemas na defesa. É verdade que conseguimos um resultado incrível na primeira mão, mas isto ainda não acabou”, frisou Guardiola.

Amorim é que não acredita em nenhuma fraqueza do City, mesmo que só tenha 14 jogadores disponíveis. “Sabemos que vamos defrontar uma grande equipa. O City tem jogadores mais do que suficientes para isso. Temos de ter noção de que jogadores é que estão disponíveis. Só precisam de 11 e têm outros no banco. Não consigo perceber qual é a equipa-tipo do City. É um grupo curto mas de muita qualidade, em que todos são titulares”, observou o técnico “leonino”, que também tem de lidar com muitas ausências do seu lado, sobretudo no meio-campo — o castigado Matheus Nunes e os lesionados Palhinha, Bragança e Pedro Gonçalves não fizeram a viagem até Manchester.

Para compor a convocatória, Amorim chamou mais dois jovens da formação, o médio Renato Veiga e o avançado Rodrigo Ribeiro, para além de ter mantido Dário Essugo entre os eleitos — o jovem de 16 anos não irá, no entanto, repetir a titularidade que teve frente ao Arouca. Este é um sinal de continuidade do projecto “leonino” para o futuro, reforça o treinador, e uma oportunidade de crescimento para os jovens.

“Eles têm de perceber que têm estas oportunidades. Só o facto de estarem na convocatória e viverem neste espaço, treinarem aqui e estarem com a equipa principal ajuda-os a crescer. O Rodrigo é um miúdo com muito talento numa posição em que temos também o Chermiti. Precisamos de avançados e acreditamos muito nele. Tem umas características de um tipo de avançado que agradam bastante ao treinador”, reforçou.

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