Borges e Cabral dão o triunfo a Portugal na Taça Davis
A manutenção no Grupo Mundial 1 da Taça Davis ficou assegurada logo no primeiro encontro de sábado.
“Obrigado Maia” foram as primeiras palavras de Rui Machado, ainda no court, após a vitória de Nuno Borges e Francisco Cabral no encontro de pares, que deu o desejado terceiro ponto a Portugal na eliminatória da Taça Davis com a Polónia. O capitão português resumiu assim o forte e inexcedível apoio das centenas de adeptos que encheram as bandas do Complexo Municipal de Ténis da Maia e contribuíram decisivamente para o triunfo da selecção portuguesa.
Borges e Cabral foram a escolha natural de Machado, depois de já terem conquistado 12 títulos no circuito profissional, seis dos quais no Challenger Tour, todos em 2021, incluindo dois aqui na Maia, em Dezembro. Nesta eliminatória, confirmaram a sua qualidade, ao derrotar o par polaco, formado por dois jogadores do top-100 da variante, Jan Zielinski (79.º) e Szymon Walkow (93.º), por 3-6, 6-3 e 6-4.
A dupla portuguesa “tremeu” apenas quando o estreante Francisco Cabral serviu a 5-2 e não aproveitaram dois match-points. Ainda houve um terceiro no jogo seguinte, mas seria apenas na quinta oportunidade que Portugal pôde celebrar a passagem ao Grupo I.
“É uma experiência inacreditável poder representar o meu país. A estreia ter sido em Portugal tornou tudo mais especial, o estádio cheio, um ambiente incrível, uma equipa incrível, e felizmente conseguimos o objectivo final que era a vitória. Toda a equipa teve um papel fundamental em tranquilizar-nos, todos têm muitas eliminatórias nas pernas, sabem o que é estrear-se, os nervos que vão estar presentes e tiveram um papel crucial na nossa exibição”, disse o tenista de 25 anos.
Borges (165.º no ranking mundial) recuperou do desgaste, físico e emocional, da véspera – em que derrotou Kamil Majchrzak (75.º) – e somou a segunda vitória na eliminatória. “O encontro teve muitos altos e baixos, mas no fim fomos melhores e merecemos a vitória. Estas eliminatórias nunca são fáceis e o Rui sempre disse isso, que é difícil acabar assim um jogo ‘limpinho’ e a correr tudo bem. Estivemos muito bem na nossa atitude, no continuar a acreditar e a trabalhar naquilo que era preciso fazer. Mais contentes não podíamos estar”, afirmou Borges, nascido na Maia há 25 anos.
Após o encontro de pares, Gastão Elias recebeu o Davis Cup Commitment Award, em reconhecimento por ter disputado, pelo menos, 20 eliminatórias da Taça Davis e, uma hora mais tarde, venceu Jan Zielinski, por 6-1, 6-3, colocando o resultado final da eliminatória em 4-0.
Portugal garantiu a permanência no Grupo I e, em Setembro, joga o acesso à fase de qualificação para as finais da Taça Davis de 2023, defrontando uma selecção que será sorteada de um grupo, onde se encontram, por exemplo o Canadá, a República Checa ou a Áustria.
“Para chegarmos ao Grupo Mundial, onde vão estar selecções muito fortes, precisamos de ter algumas combinações que não tínhamos no passado. É verdade que tive um banco de luxo; durante o par, ter no banco o Pedro Sousa, o Gastão Elias e o João Sousa é um luxo para um capitão. Esta semana senti-me um privilegiado, porque senti que todos estavam comigo, que me seguiram e que me ouviram em todos os momentos. Todos souberam estar no seu papel e quero dar-lhes os parabéns, não só pela competência que mostraram no campo, porque todos jogaram muito bem, mas também no conjunto dos dias em que estivemos aqui. Toda essa disponibilidade faz um ambiente diferente, faz um ambiente vencedor”, frisou Rui Machado.
Depois de o fazer no court, o capitão reafirmou na conferência de imprensa o apoio e as condições proporcionadas pela Federação Portuguesa de Ténis (FPT). “Esta competição é muito querida por toda a direcção, que aposta na competição. Todos estes elementos da selecção sabem que temos e teremos todas as condições que forem necessárias e trabalhar assim dá gosto. Nunca é de mais agradecer e tenho tido essa capacidade de dizer que sim aos jogadores quando pedem alguma coisa e estou muito contente por trabalhar desta maneira”, confessou Machado.
Muito contente com a vitória, o presidente da FPT, Vasco Costa, destacou o empenho dos tenistas lusos. “Há quatro anos que não jogávamos em Portugal e o factor casa na Taça Davis é muito importante. A eliminatória, apesar do resultado, não foi tão fácil como parece, pois tivemos os três encontros que nos deram a vitória a terminar no terceiro set”, afirmou Vasco Costa, antes de justificar o regresso da Taça Davis à Maia, após um interregno de 12 anos: “A equipa escolhe o piso em que quer jogar e nesta altura do ano, tínhamos que escolher um local indoor. Tínhamos algumas opções, mas desde logo, a Câmara Municipal da Maia mostrou empenho e interesse em trazer para aqui a Taça Davis. Por outro lado, montar um court de terra batida indoor com a possibilidade de ter tantos espectadores como tivemos aqui não há muitos em Portugal. Cheguei a estudar a possibilidade de cobrir o court central do Jamor para esta eliminatória, mas chegámos à conclusão que seria muito difícil.”