As Correntes d’Escritas também se fazem nas escolas e em rede

“Cooperar” e “recuperar” são os verbos que norteiam a formação de professores que se iniciou nesta terça-feira na Póvoa de Varzim. “Abraçar” é outro. Como não? Depois de tanto tempo frente a ecrãs.

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As oficinas contam com autores para crianças e jovens Adriano Miranda/Arquivo

Afonso Cruz, Cristina Taquelim, Mafalda Milhões e Ondjaki vão estar com professores e alunos em várias escolas do concelho. Estar mesmo! Frente a frente, em carne e osso, e não em sessões virtuais. Só Margarida Fonseca Santos participará à distância. Correntes em Rede III – Curso de Formação para Professores é uma das iniciativas paralelas ao encontro Correntes d’Escritas, que se realiza anualmente na Póvoa de Varzim e que se inicia nesta terça-feira e se prolonga até sábado, dia 26.

Raquel Patriarca, curadora destas actividades, explica ao PÚBLICO que “o Correntes em Rede aproveita a dinâmica do festival e a presença de autores de diversas áreas geográficas e criativas”. Dedicado aos professores, “tem o objectivo de oferecer um curso no âmbito da formação, creditado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua”.

As oficinas são ministradas por diferentes formadores e sobre diferentes temas, “ainda que sempre relacionados com os livros, a literatura, a leitura e a intersecção dos vários domínios da arte e da criação”. As oficinas desta edição contam com os escritores Afonso Cruz (Somos feitos de histórias), Margarida Fonseca (Pastorícia da escrita) e Ondjaki (Apologia do conto curto), com a narradora de histórias e mediadora de leitura Cristina Taquelim (O lugar onde moram as palavras – oficina breve e descompassada) e a editora e livreira Mafalda Milhões (Exercícios de leitura para todos).

Nas palavras de Raquel Patriarca, “uma trupe de formadores tão especialistas nas suas diversas artes como no dom de redescobrir e reinventar novas abordagens ao conhecimento, e outros caminhos de aprendizagem”. Foi nesse espírito que chegaram “a um catálogo de temas que, mergulhando em diferentes domínios, encontram pontos de intersecção e complementaridade”.

Do Correntes em Rede III fazem ainda parte mesas de debate, a primeira decorreu na manhã desta terça-feira, com a presença da curadora; de Manuela Pargana da Silva, coordenadora nacional da Rede de Bibliotecas Escolares; de Luís Diamantino, anfitrião e representante da Câmara da Póvoa de Varzim e do Correntes d’Escritas; e de Lélia Nunes, professora brasileira aposentada e investigadora da área da cultura. O tema geral: “Cooperar, recuperar e outros verbos com que se aprende e se abraça”.

Continuidade e inovação

Esta iniciativa começou em 2019, em resposta a um desafio do contador de histórias Luís Carmelo em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares da Póvoa de Varzim, conta Raquel Patriarca, também mediadora de leitura: “As duas edições correram lindamente, com enorme adesão de participantes e um feedback muito positivo. Em 2021, com os constrangimentos que sabemos e o Correntes d’Escritas inteiramente online, o Correntes em Rede fez uma pausa.”

Agora, está de volta. Alguns professores, também. “Na construção dos programas, o Correntes em Rede preocupa-se em integrar vectores de continuidade, mas também de inovação, de modo a permitir que professores que participam numa determinada edição possam, sem repetições, inscrever-se no ano seguinte, no seguinte e no seguinte.” O “vício de aprender em corrente”, diz a curadora, doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto com uma tese sobre a História do livro infanto-juvenil em Portugal.

Os formadores das oficinas irão ainda visitar escolas no concelho, a que se juntam outros nomes: Ivo Machado, José Alberto Postiga (EB 2/3 Dr. Flávio Gonçalves); Fernando Ribeiro; João Pedro Vala; Maria do Rosário Pedreira (Escola Secundária Rocha Peixoto); Aurelino Costa; Renato Filipe Cardoso (Grande Colégio/Colégio de Amorim); Mafalda Veiga; Mû Mbana; Raquel Patriarca (Escola Secundária Eça de Queirós); Filipa Leal (EB 2/3 Cego do Maio) e Dany Wambire (EB 2/3 de Beiriz).

Para Raquel Patriarca, esta é uma edição para “recuperar o tempo e o ânimo, o prazer da aprendizagem e os abraços”.

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