Guterres espera que China autorize visita de Michelle Bachelet a Xinjiang

Chefe das Nações Unidas faz afirmação em encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem dos Jogos Olímpicos de Inverno.

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António Guterres, aqui na sede da ONU, em Nova Iorque, falou com Xi Jinping à margem dos jogos Olímpicos de Pequim ANDREW KELLY/Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aguarda uma autorização da China para que a Alta Comissária para os direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, possa visitar a província de Xinjiang.

Guterres, que segundo um comunicado se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem dos Jogos Olímpicos de Inverno que decorrem em Pequim, “manifestou a sua expectativa que os contactos entre os serviços” de Bachelet e as autoridades chinesas “permitam uma visita credível da Alta Comissária à China, incluindo a Xinjiang”, onde o regime chinês é acusado de violações dos direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur.

O resultado do encontro publicado pela agência noticiosa estatal chinesa Xinhua não faz referência à questão dos direitos humanos e a Xinjiang.

Desde Setembro de 2018 que Michelle Bachelet pede “acesso significativo e sem entraves” a Xinjiang. Pequim disse o mês passado que a visita é possível, mas apenas permite o que classifica como uma visita “amigável”, ou seja, sem que seja feita uma investigação, como pretende a ONU.

Há muito que várias organizações não-governamentais aguardam a publicação de um relatório por Bachelet sobre o que se passa em Xinjiang, e a Human Rights Watch tem sido especialmente crítica da atitude do secretário-geral da ONU em relação à China: “ninguém, especialmente não o mais alto diplomata do mundo, deveria ser enganado pelo esforço do Governo chinês para desviar a atenção dos seus crimes contra a humanidade que têm como alvo os uigures e outras comunidades turcófonas”, comentou Sophie Richardson, encarregada das questões chinesas na HRW, reagindo ao anúncio da autorização da visita “amigável”.

Vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e França, denunciaram um “genocídio em curso” contra os uigures. A questão motivou um boicote diplomático liderado pelos EUA e seguido por outros países aos Jogos Olímpicos de Inverno.

Segundo diferentes organizações de direitos humanos, pelo menos um milhão de uigures e outras minorias turcófonas, principalmente muçulmanos, estão ou estiveram detidos em campos na província do Noroeste da China, na tentativa de erradicar as suas tradições culturais e colocados sob estreita vigilância pelas autoridades.

Pequim diz tratar-se de centros de formação profissional destinados a afastar a população do terrorismo e separatismo, após atentados mortíferos atribuídos a islamistas ou separatistas uigures.