Governo do Burkina Faso admite tiroteios em campos militares mas nega golpe de Estado
Ministro da Defesa assegura que os rumores sobre a detenção do Presidente Kabore são falsos.
O Governo do Burkina Faso confirmou a ocorrência de tiroteios em diversas instalações militares do país, neste domingo, mas negou os rumores, partilhados nas redes sociais, de que o Exército tomou o poder e deteve o Presidente Roch Marc Kabore.
Segundo a Reuters, ouviram-se tiros por volta das 5h da manhã no campo militar de Sangoule Lamizana, em Ouagadougou, sede do Estado-Maior do Exército e onde estão presos os soldados envolvidos no golpe de 2015.
Também se ouviram disparos numa base da Força Aérea próxima do aeroporto e num campo militar em Kaya, a cerca de 100 quilómetros da capital.
Num discurso televisivo, o ministro da Defesa assumiu que ainda estavam a ser investigados os motivos dos tiroteios, mas garantiu que o Presidente não foi preso.
“O chefe de Estado não foi detido. Nenhuma instituição do país foi ameaçada”, afiançou o general Bathelemy Simpore, acrescentando que a agitação nas instalações militares já foi pacificada.
Neste domingo houve ainda um ajuntamento de cerca de 300 pessoas em Ouagadougou, que se reuniram para mostrar o seu apoio ao Exército. Foram, no entanto, dispersadas pela polícia, que teve de recorrer a gás lacrimogéneo.
Vários Governos da África Ocidental e Central estão em alerta máximo por causa dos golpes recentes no Mali e na Guiné-Conacri. No Chade também houve uma mudança de liderança, depois de o Presidente Idriss Deby ter sido morto numa visita à linha da frente dos combates com os rebeldes.
No início deste mês, o próprio Presidente do Burkina Faso ordenou a detenção de vários soldados suspeitos de conspiração, depois de em Dezembro ter substituído as chefias militares, para assegurar o apoio do Exército.
Kabore tem sido muito contestado, nas ruas, por causa do aumento da violência no país. Só no ano passado, morreram mais de duas mil pessoas, vítimas de ataques de grupos islamistas com ligações à Al-Qaeda e ao Daesh.
Entre os prisioneiros de Sangoule Lamizana encontra-se o general Gilbert Diendere, figura próxima do ex-Presidente Blaise Compaoré – deposto na sequência dos protestos e motins de 2014 – e que foi condenado em 2019 a 20 anos de prisão, por envolvimento num outro golpe, em 1987, e no homicídio do chefe de Estado da altura, Thomas Sankara.