Palcos da semana

Os Capitão Fausto andam pelo país a pedir Com Licença, 2022, enquanto Lisboa projecta o futuro com Kino, assiste a uma ópera de Glass e faz um festival feminista. No Porto, é altura de voltar a cantar os parabéns ao Salgado.

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Aurora Negra abre o Feminist Futures Festival Filipe Ferreira
Philip Glass
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A ópera Orphée, de Philip Glass, pode ser vista em Lisboa Ana Clara Miranda
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Os 10 000 Russos participam n'O Salgado Faz Anos... Fest! João Lima
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O Vizinho do Lado, de Daniel Brühl, abre a 19.ª Kino - Mostra de Cinema de Expressão Alemão
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Os Capitão Fausto há dez anos, por altura da edição de Gazela, cujo aniversário vão celebrar ao vivo

Aurora feminista

Histórias de mulheres na primeira pessoa, em intersecção com o racismo estrutural, contadas em palco por Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, criadoras e intérpretes. É Aurora Negra a abrir e dar o tom ao Feminist Futures Festival no D. Maria II, que o co-organiza com a Maison de la Culture d’Amiens (França), no âmbito da rede europeia que dá nome ao evento. Para cumprir o propósito de “inspirar uma visão positiva do futuro”, convoca também espectáculos de Paula Diogo (Terra Nullius), Naomi Velissariou (Permanent Destruction - The SK Concert), Sergiu Matis (Hopeless), Agata Maszkiewicz (Same Same & Different) e Buren (Spare Time Work). À margem do palco, seis actividades conduzidas por artistas asseguram o prolongamento da reflexão sobre as questões levantadas, seja em percursos, conferências, conversas ou performances.

Orfeu de Glass ao espelho

Associado à escola minimalista, que ajudou a criar (apesar de resistir à etiqueta, preferindo descrever-se como um compositor dedicado a “música com estruturas repetitivas”), Philip Glass viu a sua fama crescer sobretudo na composição de bandas sonoras para cinema (Kundum, The Truman Show, As Horas), mas é também reconhecido pelos trabalhos com criadores de áreas artísticas diversas (da coreógrafa Twyla Tharp ao poeta Allen Ginsberg, passando por David Bowie) e ainda pelas composições líricas e sinfónicas. É dele a ópera Orphée. Radicada no mito grego, teve da parte de Glass uma abordagem nada convencional, inspirada pelo seu fascínio pelo cinema de Jean Cocteau. Lisboa vai poder vê-la na encenação assinada pelo brasileiro Felipe Hirsch (em que o espelho é quase personagem, enquanto elemento simbólico) e interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direcção de Pedro Neves. Carla Caramujo, André Baleiro, Susana Gaspar, Luís Gomes, Marco Alves dos Santos, Nuno Dias, Luís Rodrigues, Cátia Moreso e João Pedro Cabral compõem o elenco vocal. Junta-se um corpo de 12 bailarinos e a direcção de movimento a cargo de Sofia Dias e Vítor Roriz.​

Salgado outra vez em festa

Começou por ser a grande festa de anos de Luís “Stereoboy” Salgado e não tardou a transformar-se em festival – ou num dos mais cultuais hábitos do Porto. A pandemia interrompeu-lhe os planos, mas a espera acaba sexta-feira, com uma nona edição distribuída por quatro palcos e a reunião dos Pluto a encabeçar as expectativas. A comitiva privilegia a produção nacional – 800 Gondomar, 10 000 Russos, The Rite of Trio, O Manipulador e Um Gajo com Pés de Roque Enrole também integram O Salgado Faz Anos... Fest! – mas há espaço para convidados de fora: o japonês Tatsuru Arai e os espanhóis Kings of the Beach. E também para duas exposições.

Kino e o futuro

É com um foco particular em primeiras obras e outro em narrativas femininas que a Kino - Mostra de Cinema de Expressão Alemão projecta a sua 19.ª edição e se prepara para regressar à sala, depois de um 2021 passado online. Do primeiro foco, é exemplo o filme que faz as honras de abertura: O Vizinho do Lado, que marca a estreia na realização do actor Daniel Brühl, conhecido de Adeus, Lenine! ou Rush - Duelo de Rivais. Do segundo, o segmento Kino no Feminino, que reúne na plataforma Filmin (onde também estão previstas conversas) todos os filmes do cartaz que são realizados por mulheres. O programa presencial compreende um total de 15 longas-metragens de quatro países (Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo), distribuídas por três secções – Visões, Perspectivas e Realidades – e conduzidas por uma ideia de futuro, de acordo com o tema deste ano, In Zukunft.

Gazela: licença para recordar

Há dez anos, os Capitão Fausto saltavam para a primeira fila da música portuguesa com Gazela, um primeiro álbum feito de psicadelismos resgatados aos anos 1960, colocados em velocidade século XXI e polvilhados de elevado sentido pop. É para celebrar esse momento – e tudo o que de mais emblemático veio depois – que se vão reencontrar com os fãs, numa digressão de Norte a Sul do país que há-de culminar em concertos nos coliseus. Lembram que “as saudades são muitas e a ausência foi longa” e dão ao périplo o título Com Licença, 2022.

Notícia actualizada para dar conta do cancelamento dos espectáculos Aurora Negra e Hopeless no Feminist Futures Festival.

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