Tweets de activistas trans com imagens da casa de JK Rowling não são criminosos, diz polícia

Três activistas pelos direitos dos transexuais foram fotografados em frente da casa de JK Rowling na Escócia, permitindo a identificação do local. A imagem foi parar ao Twitter e a autora apresentou queixa de doxing. Mas a polícia diz que não houve crime.

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JK Rowling é autora da famosa saga Harry Potter Reuters\Neil Hall

A autora britânica JK Rowling mantém, há algum tempo, uma relação tensa com os activistas pelos direitos dos trans, devido, entre outras teses, à posição que manifestou contra o acesso dos transexuais a espaços exclusivos para mulheres. E os activistas têm vindo a retaliar, sobretudo no Twitter, mas também em manifestações junto à sua residência. O maior problema foi quando três pessoas, a manifestarem-se contra Rowling em frente à sua casa em Edimburgo, foram fotografadas, e a imagem partilhada na rede social Twitter.

Para a autora, os retratados posicionaram-se de forma a deixar visível a morada, o que acusou de doxing, ou seja, de uma acção que visou revelar informações de identificação sobre si na Internet, acrescentando que seria uma forma de os activistas a tentarem intimidar. Por isso, apresentou queixa. No entanto, informou um porta-voz da polícia escocesa, citado pela BBC, “foram realizadas diligências e não foi estabelecida qualquer criminalidade”, confirmando que não serão tomadas quaisquer medidas contra quem publicou a imagem, entretanto apagada da rede.

A criadora da saga Harry Potter ou de Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los (sob o pseudónimo de Newt Scamander) passou a estar na ordem do dia das questões dos direitos dos transexuais quando considerou incorrecto usar a expressão “pessoas que menstruam” para falar de mulheres, ao mesmo tempo que acusou as exigências dos activistas transexuais de serem perigosas para as mulheres, como, por exemplo, o acesso a espaços exclusivos para mulheres, como as casas de banho.

A escritora justificou a sua posição, relatando a sua história pessoal de violência doméstica, no primeiro casamento, e de abuso sexual para justificar a sua aversão em ter pessoas nascidas biologicamente do género masculino dentro de casas de banho ou balneários para mulheres. “Quando se abrem as portas das casas de banho e balneários a qualquer homem que acredite ou sinta que é mulher – e, como já disse, os certificados de confirmação de sexo podem agora ser concedidos sem qualquer necessidade de cirurgia ou hormonas –, então abre-se a porta a todo e qualquer homem que deseje entrar.”

A autora ainda ressalvou o facto de acreditar que “a maioria das pessoas trans não só representam uma ameaça zero para os outros, como são vulneráveis”, sublinhando que, “tal como as mulheres, [as transexuais] estão mais sujeitas a serem mortas por parceiros sexuais”.

No entanto, após a publicação deste longo ensaio, as críticas aumentaram de volume, tendo chegado até aos conhecidos actores que vestiram a pele dos seus famosos personagens. Caso de Daniel Radcliffe, que foi Harry Potter entre os seus 12 e os 22 anos. O actor escreveu no The Trevor Project, um site de prevenção do suicídio entre a comunidade LGBT, que “mulheres transgénero são mulheres”. “Qualquer declaração contrária apaga a identidade e a dignidade das pessoas transgénero.”

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