Era filha de Il Duce, resultado de um caso que o ditador teve com uma jovem milanesa, em 1921, depois de esta ter recorrido a si para interceder pelo marido, o chefe da brigada fascista de Milão, Bruno Curti, que tinha sido detido. Mas apenas o soube em adulta, quando, uma noite, a mãe lhe revelou a identidade do progenitor — e nunca foi reconhecida.
Porém, Mussolini sabia da sua existência e terá querido conhecê-la. Elena estaria junto dele nos momentos finais: consta que estava na caravana onde o Duce seguia, quando foi capturado pelos guerrilheiros da Resistência italiana. A mulher morreu na segunda-feira, aos 99 anos, na sua casa em Acquapendente, na província central de Viterbo, Itália, país ao qual regressara depois de muitas décadas a residir em Espanha.
Elena Curti nasceu a 19 de Outubro de 1922, uma semana antes da Marcha sobre Roma, a manifestação fascista que acabaria por se transformar num golpe de Estado e que levou Mussolini ao poder. No dia em que o pai foi capturado pela Resistência, Elena também foi detida, tendo ficado presa durante cinco meses. Depois de libertada, emigrou para uma Espanha sob o domínio fascista de Franco, onde fez fortuna com uma empresa de mobiliário. Foi casada com o piloto militar Enrico Miranda, que morreu em 2008, já após o regresso a Itália há cerca de 20 anos. Em 2003, Elena publicou o livro de memórias Il Chiodo a Tre Punte.
O ditador italiano Benito Mussolini, uma das figuras centrais na criação do fascismo e aliado de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, teve um único casamento oficial, com Rachele Guidi, de quem teve cinco filhos: Edda, Vittorio, Bruno, Romano e Anna Maria. No entanto, é-lhe apontado outro matrimónio que nunca confirmou, com Ida Dalser, de quem teve um filho, Benito Albino Mussolini. O político viu-se forçado a reconhecer este filho, mas acabaria por tratar de o afastar do seu caminho: mãe e filho foram, depois da ascensão política de Il Duce, perseguidos e internados em hospícios, onde viriam a morrer.
Os historiadores sempre acharam que a descendência de Mussolini não tinha ficado por aí. A confirmação chegou após uma exaustiva investigação que descobriu a filiação de Elena, a rapariga que trabalhava com o secretário do Partido Fascista Republicano, Alessandro Pavolini, o que lhe permitiu estar mais perto do progenitor, ainda que tivesse de enfrentar a ira de Claretta, a amante de Mussolini, fuzilada ao seu lado, que estava convencida que Elena seria uma rival.