Exposição
“Esperança é tudo o que têm” as crianças refugiadas de Muhammed Muheisen
O fotógrafo da National Geographic Muhammed Muheisen, duas vezes vencedor do prémio Pulitzer, dedicou a última década e meia ao registo do quotidiano de grupos de refugiados e migrantes de todo o mundo. A exposição Vozes, patente no Centro Português de Fotografia, no Porto, contém retratos das crianças com quem se cruzou. "Ensinaram-me a sentir-me afortunado (...), a apreciar o facto de estar seguro e saudável."
Ao longo de mais de uma década e meia, o fotógrafo Muhammed Muheisen, vencedor por duas vezes do prémio Pulitzer, debruçou-se sobre o quotidiano e os desafios de grupos de refugiados e migrantes de todo o mundo. A exposição Vozes, patente no Centro Português de Fotografia até dia 30 de Março, no Porto, ao abrigo do Prémio Estação Imagem 2021, tem enfoque na vida das crianças deslocadas, que afirma serem "as verdadeiras vítimas dos conflitos". "Elas não podem escolher onde nascem ou as circunstâncias que as rodeiam", sublinha no texto que acompanha a exposição. "As crianças, no mundo inteiro, procuram as mesmas coisas, procuram diversão, procuram alegria e procuram felicidade – não importa onde estejam."
Nos retratos de Muheisen, realizados no Paquistão, Afeganistão, Grécia, Hungria, Croácia, Sérvia e Jordânia, a inocência dos olhares infantis e a dureza do contexto em que se inserem roubam toda a atenção do espectador. "Com estas fotografias, pretendo mais do que tudo mudar estereótipos e dar voz às pessoas que fotografo", refere. "Nunca é apenas uma imagem, é uma voz, é um testemunho. É uma mensagem de uma criança ou um adulto de uma qualquer parte do mundo para uma outra parte do mundo, que vive para sempre." Move Muheisen a responsabilidade de encontrar histórias não contadas e partilhá-las com o mundo. "Se algo aconteceu e nunca foi documentado, é como se nunca tivesse acontecido", remata.
O fotógrafo da National Geographic, fundador e presidente da Fundação Everyday Refugees, pretende, ao retratar cada criança, lembrar que cada uma tem um nome, uma idade, esperanças e sonhos individuais, e que o título de "menino e menina refugiados afegãos ou sírios" não lhes faz justiça. Conhece bem cada uma das crianças que figuram nesta colecção de imagens. "Eu não estou apenas ali de passagem para tirar fotos, eu despendo tempo, invisto e espero fazer a diferença, pequena ou grande. Não é uma corrida de cem metros; é uma maratona." Garante que aprendeu muitas lições junto das crianças e jovens que retratou. "Ensinaram-me a sentir-me afortunado e abençoado, a apreciar o facto de estar seguro e saudável. Testemunhei a esperança através dos olhos deles, e esperança é tudo o que têm."