Ómicron impulsiona procura por certificados falsos (e cada vez mais caros)
Muitos dos documentos são vendidos através de serviços de mensagens encriptadas como o Telegram. Os preços aumentaram 600% desde meados de 2021.
A venda de certificados de vacinação falsos e resultados de testes contra a covid-19 está a aumentar, com preços cada vez mais elevados. O alerta foi feito esta sexta-feira pela empresa de cibersegurança Check Point Software que nota que o preço dos documentos falsos relacionados com a covid-19 aumentou 600% no mercado negro. Estes documentos começaram a aparecer em meados de 2021, à medida que os certificados de vacinação e testagem começaram a ser obrigatórios para jantar, viajar, visitar museus e participar em eventos desportivos em todo o mundo. Muitos são vendidos através de serviços de mensagens encriptadas como o Telegram.
A nova vaga de infecções impulsionada pela variante Ómicron da covid-19 levou ao aumento da procura à medida que muitos países reforçam as medidas de contenção da pandemia. “Estamos a ver os países a apertar as suas restrições em todo o mundo e a pedir aos cidadãos para apresentarem testes negativos ou certificados de vacinação antes de entrar em locais com muitas pessoas. As viagens internacionais também ficaram mais complicadas, com o surgimento de mais casos”, explica Liad Mizrachi, especialista de cibersegurança na Check Point, num comunicado enviado às redacções. “Isto, combinado com os problemas em fornecer os kits para testes adequados à procura e a hesitação face a vacina, criou a tempestade perfeita para os golpistas.”
Em Agosto, um certificado de vacinação em Portugal, custava cerca de 100 euros (convertidos em bitcoin). Actualmente, os valores para os documentos falsos podem chegar aos 525 euros.
É um aumento de 600%, salienta a equipa da Check Point Research explicando que “os potenciais clientes” tanto podem ser pessoas que testaram positivo à doença e não se querem isolar, como pessoas que se recusam a fazer teste ou a tomar a vacina. Muitas vezes, para receber um documento falso também é preciso partilhar o nome, data de nascimento e identificação fiscal.
Não é difícil encontrar ofertas de testes e certificados falsos ao pesquisar na Internet ou em serviços de mensagens como o Telegram. Tal como no WhatsApp, as mensagens no Telegram são encriptadas e os utilizadores registam-se com um número de telemóvel. Só que, contrariamente ao WhatsApp, no Telegram o número de telefone de alguém pode permanecer escondido de outros utilizadores e é possível pesquisar grupos sobre temas específicos (neste caso, certificados falsos). Se alguém compra um certificado digital a partir do Telegram, não sabe qual o contacto real ou o país de origem do vendedor.
Muitas vezes, porém, as pessoas tendem a ser atraídas para domínios fraudulentos ou suspeitos onde podem ser vítimas de phishing, uma táctica de engenharia social em que os atacantes usam mensagens falsas para convencer alguém a fornecer dados pessoais que podem utilizar em ataques informáticos.
Também há certificados falsos à venda na dark web. Trata-se de uma pequena parte da World Wide Web, infame por ser utilizada por visitantes do mercado negro online. Resume-se a um conjunto de redes encriptadas (conhecidas como darknets) que estão intencionalmente escondidas da Internet visível através de sistemas de encriptação.
“[Os cibercriminosos] estão uma vez mais a operar com confiança, como podemos ver pelo aumento dramático dos preços na dark net”, sublinha Liad Mizrachi. “Os governos têm de se reunir rapidamente para combater o mais recente crescimento do mercado negro”, alerta o especialista da Check Point. “Se não o fizerem, o risco do número de documentos falsificados aumentar nas próximas semanas e meses é muito alto.”