7 dias, 7 fugas: do cantar ao recordar, vão sonhos, lampreias e clichês
Viana do Castelo canta as Janeiras, Setúbal lembra figuras típicas, Loulé leva Monstrare à tela e Monção serve lampreia. Isto enquanto Lisboa entra no Sonho de Inverno de João Botelho, foca os clichês de Daniel Blaufuks e espreita o Museu da Farmácia em visitas temáticas que chegam ao Porto.
Sábado, 15: Janeiras de Viana ao centro
Viana do Castelo mantém a tradição de dar as boas-vindas ao novo ano com cantorias ao peito. Organizada pela autarquia, a iniciativa Cantar as Janeiras passa pelas ruas do centro histórico da cidade, entre 15 e 29 de Janeiro. A dar voz ao manifesto estão oito grupos do concelho: Cantadeiras do Vale do Neiva, Escola de Folclore de Santa Marta de Portuzelo, Grupo Danças e Cantares de Perre, Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, Modilhas das Terras do Neiva d’A Mó - Associação Vale do Neiva, Rancho Folclórico das Terras de Geraz do Lima, Ronda Típica de Carreço e Sport Clube Vianense. As actuações têm lugar aos sábados (e também sexta, dia 28), às 21h (dias 15 e 28); às 10h e 21h (dia 22); e às 15h30 e 21h (dia 29).
Domingo, 16: Setúbal, figuras típicas
Em Setúbal, o Museu do Trabalho Michel Giacometti evoca a paisagem típica da cidade sadina dos anos 1980. 40 Anos, 40 Imagens - Figuras Típicas de Setúbal é o nome da exposição que inaugura este sábado e reúne quatro dezenas de fotografias captadas por Fernando Pinho, em suporte analógico, representativas de figuras e actividades da época. A compor a memória do património humano local estão retratos de vendedores de castanhas, descarregadores de peixe, pescadores, amoladores, engraxadores, vendedores de cautelas e ardinas. Pode ser visitada de terça a sexta, das 9h30 às 18h, e sábado e domingo, das 14h às 18h, até 27 de Março. A entrada é livre.
Segunda, 17: Lisboa e um sonho de Botelho instalado no castelo
Luz, poesia, imagem, som, acção! O Castelo de São Jorge apruma-se com um Sonho de Inverno concebido pelo cineasta-encenador-artista João Botelho. O monumento que observa Lisboa do alto da colina – e que é o mais visitado do país – transforma-se em cenário de “passeios encantados ao anoitecer”, ao ritmo da obra de poetas da cidade, numa instalação que, segundo a sinopse, “ilumina a fascinante história” do local em espaços que vão do Jardim Romântico ao Páteo dos Fornos, passando pelas Praças de Armas. Este sonho, que tem honras de inauguração nesta segunda-feira, fica aberto ao público a partir de 18 de Janeiro e ali pode ser vivido até 18 de Fevereiro, das 19h às 21h, por 5€ (grátis até aos 16 anos).
Terça, 18: Loulé em telas sociais
Dar voz às temáticas sociais através da sétima arte é a missão-emblema da Monstrare - Mostra Internacional de Cinema Social, que regressa a Loulé para a oitava edição, numa organização do Loulé Film Office. Com entrada livre e assento marcado entre 18 e 23 de Janeiro, em vários espaços da cidade (entre eles o Cineteatro e o Auditório do Solar da Música), integra projecções de curtas e longas-metragens, debates, uma masterclass sobre realização com Bernardo Lopes e sessões do Festival Caminhos do Cinema Português. Sob o chapéu da primeira Algarve Film Week, leva à tela títulos como O Lobo Solitário de Filipe Melo, O Que Resta de Daniel Soares, Clube dos Anjos de Angelo Defanti, Desculpa! Uma História Sobre Bullying de Dave Schram, Flee de Jonas Poher Rasmussen ou 28 ½ de Adriano Mendes. O cartaz detalhado pode ser consultado aqui.
Quarta, 19: Monção, um rio de sabores
Terra de Alvarinho e de termas, Monção tem já tradição também no domínio da lampreia. Nos primeiros meses do ano há Lampreia à Moda de Monção e este ano não será excepção. Numa campanha promovida pelo município, a iguaria vai à mesa dos restaurantes do concelho respeitando a sazonalidade do produto e cumprindo os “segredos culinários passados de geração em geração”, garantem, para preservar este que é um dos pratos de excelência da gastronomia minhota. Nas ementas há opções para (quase) todos os gostos, sejam receitas tradicionais como arroz de lampreia ou à bordalesa, sejam criações mais contemporâneas, viradas para o sushi, o folhado ou o escabeche. Tudo bem regado e acompanhado com os vinhos da região e com a doçaria da casa.
Quinta, 20: Lisboa e Porto na farmácia da letras
Sherlock Holmes, Agatha Christie e Eça de Queiroz dão o mote ao programa de Visitas Temáticas alinhado pelo Museu da Farmácia nos seus núcleos de Lisboa e do Porto. A ideia é celebrar a vida e obra destes escritores sem esquecer a componente científica. Assim, Sherlock Holmes - A Época e a Ciência põe o foco no “rigor do conhecimento científico e da investigação criminal, bem como o modo de vida da época vitoriana” (dias 15 e 21 de Janeiro, respectivamente às 15h30 e 18h30, em Lisboa e no Porto); Agatha Christie no Museu da Farmácia cruza a obra da escritora britânica com as “intemporais peças arqueológicas da Mesopotâmia e do Egipto” (20 de Janeiro, às 18h30, em Lisboa, e no dia seguinte, às 15h30, no Porto); e A Farmácia na Obra de Eça de Queiroz propõe uma viagem ao século XIX com paragens na “medicina tropical, construção dos impérios europeus, moral sexual e desenvolvimento da microbiologia” (27 de Janeiro, às 18h30, em Lisboa). O bilhete para cada visita custa 6€ (4€ para estudantes e seniores).
Sexta, 21: na Lisboa que desaparece
É inaugurada nesta sexta-feira uma exposição de fotografia que “revisita uma Lisboa já parcialmente desaparecida”, pela lente de Daniel Blaufuks. O Museu de Lisboa - Palácio Pimenta acolhe 80 imagens que captou na viragem dos anos 1980 para os 90, num conjunto feito de “memórias pessoais, fotográficas e poéticas”, anuncia a folha de sala, que retrata uma “Lisboa a preto e branco, pré-digital e de ritmo demorado”. Todas fazem parte do livro Lisboa Clichê – ao qual a exposição vai buscar o título –, composto por um total de 300. Quem as vê, é levado para “a Lisboa das tascas e casas de pasto, do fecho dos cinemas históricos, do arranque da vida nocturna no Bairro Alto, da liberdade no mítico Frágil, das bandas rock portuguesas, dos encontros e desencontros na era das cabines telefónicas, do grande incêndio no Chiado, dos últimos alfaiates, das primeiras reconstruções urbanas preservando cirurgicamente as fachadas”, lê-se na sinopse da Tinta da China, que o editou em Setembro do ano passado. Para Blaufuks, foi uma época em que “o pavimento molhado reflectia as luzes urbanas e dava‑lhe mesmo, na nossa mente cinematográfica, uma aura de Nova Iorque tirada de um filme de detectives, em que nós éramos simultaneamente o detective e o criminoso”. Fica patente até 27 de Fevereiro, de terça a domingo, entre as 10h e as 18h. A entrada custa 3€.