Exposição
A beleza do Douro e Côa pela lente de quatro fotógrafos portugueses
Os fotógrafos Duarte Belo, Egídio Santos, Jaime António e Virgílio Ferreira aceitaram o desafio da Fundação Côa Parque e do Museu do Douro de "construir um arquivo de referência sobre o espaço e o tempo duriense" do século XXI. A exposição CÔA DOURO: para uma memória futura está dividida entre o Museu do Côa e o Museu do Douro.
São poucos os lugares do mundo que tenham logrado o reconhecimento pela UNESCO enquanto Valor Universal Excepcional para a Humanidade: o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres do Vale do Côa fazem parte dessa lista. No âmbito das comemorações da classificação como Património Mundial da Arte Rupestre do Côa e do Alto Douro Vinhateiro, a Fundação Côa Parque e o Museu do Douro lançaram um desafio a quatro fotógrafos: Duarte Belo, Egídio Santos, Jaime António e Virgílio Ferreira. O objectivo? "Construir um arquivo de referência, em suporte digital, sobre o espaço e o tempo duriense", pode ler-se no comunicado assinado por ambas as organizações dirigido ao P3.
De lente apontada "à paisagem e ao património" de ambos os territórios, os quatro fotógrafos terão produzido milhares de fotografias. Seleccionaram, em conjunto, mais de 200 registos dos lugares que visitaram entre 2019 e 2021, mas apenas 80 compõem a exposição CÔA DOURO: para uma memória futura, que se encontra dividida entre o Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa (patente até ao dia 30 de Janeiro) e o Museu do Douro, no Peso da Régua, até ao dia 27 de Fevereiro. Após estas datas, a exposição estará em itinerância pela região do Alto Douro Vinhateiro.
Junto ao Douro, o fotógrafo lisboeta Duarte Belo procurou "as paisagens menos óbvias, mais escondidas, onde não estivessem tão presentes os socalcos e os muros", que são, para si, "o reflexo mais comum da região vinhateira". A abordagem ao rio Côa foi "fundamentalmente diferente", refere o licenciado em arquitectura, no catálogo da exposição. "Recorri a um conjunto de fotografias de arquivo, sobretudo de 1995, das gravuras e do seu contexto paisagístico."
O portuense Egídio Santos, de olhar tendencialmente fotojornalista, fotografou "com sol, com chuva, com nevoeiro", "de dia e de noite", e tentou ir, também, para lá da superfície. Perante a homérica missão de fotografar as regiões, admite que "ficou muito por fazer". "O Douro e o Côa não cabem numas dezenas de imagens."
"O Douro sempre esteve presente na vida da minha família", refere Jaime António. "As minhas origens estão no coração do Douro. Acredito que venha daí esta paixão que me corre pelas veias." Sente dificuldade em traduzir por palavras o significado de Douro; assim, preferiu fazê-lo por imagens.
A selecção de imagens produzidas por Virgílio Ferreira é heterogénea. "No seu conjunto, estas fotografias tentam retratar e comentar um lugar e uma época mas acabam por descobrir que estas unidades são subdivisíveis e que nelas coincidem uma multidão de tempos e territórios", contextualiza. A heterogeneidade dos seus registos revela a complexidade e a diversidade tão características de ambas as regiões. O Douro e o Côa "têm muitas camadas e realidades", sublinha; essas "assomam e interpelam o visitante desde o fundo do vale ao topo da montanha".