Nos mesmos carris

Foi didáctico, sem estridências, esclarecedor e correcto o debate do PAN com a Iniciativa Liberal.

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Esta sexta-feira teve lugar o debate entre os líderes do PAN e da IL LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Houve um debate, finalmente. Não um frente-a-frente à jugular do adversário, com olhares desafiantes ou pose de rancor. Foi ao fim da tarde desta sexta-feira, na SIC Notícias, que juntou Inês de Sousa Real, do PAN [Pessoas, Animais e Natureza], e João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal (IL)

Foi, mesmo, uma happy hour de discussão política em 25 minutos. Falar e deixar falar, ouvir e querer ouvir. Para quem assistiu ficaram claras as diferenças, surpreenderam alguns pontos comuns e até apareceram projectos sobre a mesa.

“Governar com o PAN? Se não ofendesse os nossos princípios”, admitiu Cotrim de Figueiredo. “Estamos disponíveis para apoiar soluções governativas desde que não haja um ataque à economia de mercado”, garantiu. Criticou, isso sim, o que definiu como lógica proibicionista do PAN.

“O PAN é um partido progressista, a preocupação ambiental não tem de estar espartilhada na divisão de esquerda e direita”, propôs Sousa Real. Contudo, a visão não é comum. Para a IL o principal desafio do país é o crescimento económico. “Não somos negacionistas, mas sabemos que as soluções mais radicais [para combater a mudança climática] têm custos económicos”, disse João Cotrim de Figueiredo.

“Refuto, o PAN não é proibicionista e a economia verde tem um grande potencial de empregabilidade”, sustentou Inês de Sousa Real. Não hesitando em classificar como de maus exemplos e más práticas políticas, a forma como se encerrou a refinaria da Galp de Matosinhos. “Um péssimo exemplo de como se faz a transição energética”, rematou.

As divergências apareceram claras no futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Não defendemos a privatização do SNS, mas um sistema misto de liberdade de escolha e concorrência que até pode custar mais”, assentou Cotrim de Figueiredo.“A Iniciativa Liberal quer conduzir à privatização do SNS, para nós tem de haver um reforço do SNS, quando correm bem as parcerias público-privadas são uma excepção”, discordou.

Foi didáctico, esclarecedor, sem estridências, correcto. E houve uma novidade. Ambos os partidos querem unir as capitais de distrito por ferrovia. Neste ponto, estão nos mesmos carris.

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