Mais de mil grupos protestam contra o perdão à ex-Presidente sul-coreana condenada por corrupção
Park Geun-hye foi considerada culpada de 16 crimes em 2018 e condenada a 20 anos de prisão, incluindo abuso de poder.
Dezenas de activistas em representação de mais de mil organizações da sociedade civil manifestaram-se esta segunda-feira em Seul, capital da Coreia do Sul, em protesto contra o perdão presidencial que foi outorgado na semana passada à ex-chefe de Estado Park Geun-hye, que estava a cumprir uma pena de prisão de 20 anos por corrupção.
O protesto frente à sede da presidência visava pressionar o Presidente, Moon Jae-in a recuar na sua decisão e retirar o perdão a Park Geun-hye, de acordo com a agência sul-coreana de notícias Yonhap.
O líder da Confederação de Sindicatos da Coreia (KCTU), Yang Kyung Soo, denunciou que “o perdão unilateral de Moon a Park, à que a população expulsou depois de uma série de manifestações, constitui um desafio à democracia da Coreia do Sul”.
“A História recordará Moon como um pecador que ludibriou a democracia e virou costas ao avanço da roda da História”, acrescentou, durante um acto em que os participantes alertaram que a decisão poderia plantar “sementes de discórdia” capazes de provocar “uma dissipação social excessiva”.
Aos críticos da decisão de Moon Jae-in juntaram-se grupos da sociedade civil que representam a família dos mortos no naufrágio do ferry Sewol, em 2014, durante a presidência de Park Geun-gye. “Dar um perdão especial a alguém que não se arrepende dos seus erros é um retrocesso da democracia”, argumentaram.
A ex-Presidente, destituída do cargo em Março de 2017, foi declarada culpada em Abril de 2018 de 16 dos 18 crimes de que estava acusada e, além da pena de prisão, teve de pagar 18.000 milhões de wones (13,4 milhões de euros) de multa.
Entre outras coisas, foi declarada culpada por abuso de poder por obrigar várias empresas privadas a doar dinheiro a fundações controladas pela sua confidente, Choi Son Sil. Também foi condenada por pressionar a Hyundai a assinar um acordo com uma empresa controlada por uma amiga de Choi.
Park Geun-gye foi igualmente declarada culpada por pressionar o grupo empresarial Lotte a doar 7000 mil milhões de wones (5,2 milhões de euros) a uma fundação gerida por Choi e por obrigar a empresa KT a contratar uma amiga da sua confidente e a assinar contrato com uma empresa de publicidade controlada por amigos de Choi.
O tribunal considerou provado que Park cometeu abuso de poder ao obrigar a Samsung a doar 1600 milhões de wones (1,2 milhões de euros) a uma fundação dirigida pela sua confidente e por passar-lhe 47 documentos presidenciais. Também obrigou a mesma empresa a oferecer cavalos e automóveis à filha de Choi.