Está em estudo levar o comboio a Barca de Alva em condições iguais ao resto da linha do Douro

Análise da Infra-Estruturas de Portugal sobre a reabertura do troço Pocinho - Barca de Alva deverá estar concluída em Março, explica o presidente da Câmara da Régua.

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IP está a estudar em que moldes poderá ser reaberto o troço mais a nascente da Linha do Douro Anna Costa

A empresa Infra-estruturas de Portugal (IP) está a fazer um estudo técnico para o troço Pocinho – Barca de Alva que prevê que este reabra com as mesmas características do resto da linha do Douro, disse ao PÚBLICO o presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves, que integra o grupo de trabalho para a reabertura da linha do Douro até à fronteira espanhola. Esta premissa significa que o troço em falta não ficará desqualificado em relação ao resto da linha, até porque a ideia é que o regresso do comboio até à fronteira espanhola sirva também como pressão para que o país vizinho faça a sua parte e reabra a via-férrea de forma que se possa prosseguir, de comboio, até Salamanca.

O autarca da Régua diz que “independentemente dos resultados do estudo, há a percepção de que a linha é viável e que essa viabilidade não está dependente da ligação a Espanha”. Uma convicção que resulta da crescente procura por motivos turísticos no vale do Douro e da necessidade em responder à mobilidade das pessoas da região através de um modo de transporte económico e amigo do ambiente. A par do estudo técnico, a cargo da IP, há um estudo económico também liderado pela gestora de infra-estruturas, mas que decorre de um pedido da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

O grupo de trabalho que vai definir o modelo da reabertura do Pocinho - Barca de Alva é coordenado pela CCDR-N e integra autarcas em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro e elementos da IP. Aquando da constituição formal deste grupo, em Maio passado, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse que os estudos prévios para a reabertura da linha apontam para um investimento na ordem dos 50 milhões de euros. Um estudo da IP de 2016, a que o PÚBLICO teve acesso, estimava em 43 milhões de euros o montante desse investimento, aos quais se deveriam acrescentar 119 milhões do lado espanhol.

A reabertura da linha do Douro até Barca de Alva colheu a unanimidade dos partidos políticos na Assembleia da República, que aprovaram uma resolução a dar sequência a uma petição com 13999 assinaturas que exigia essa reabertura. O ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, porém, tem sido cauteloso e diz que esse investimento depende de disponibilidade financeira (apesar de haver fundos comunitários para tal em vários programas europeus). Um argumento que já não utiliza quando se compromete com a linha de alta velocidade Lisboa – Porto, no valor de 4,5 mil milhões de euros, e para a qual, repete, também há unanimidade política.

O PNI 2030, na sua fase actual, expressa precisamente essa falta de compromisso. Para o Pocinho – Barca de Alva apenas consta que “serão feitos os estudos necessários à expansão e reforço da rede onde tal se revele pertinente”. Por outro lado, a própria linha do Douro no troço aberto à exploração (até ao Pocinho), aguarda também obras de modernização, sendo este o projecto mais atrasado dos 19 “empreendimentos” anunciados no âmbito do Ferrovia 2020. A contratação da electrificação entre o Marco e a Régua deveria ter ocorrido no início de 2018 e as obras deveriam estar terminadas em finais de 2019. Porém, neste momento, ainda nem sequer foi lançado o concurso público.

Em 2018, com Pedro Marques na pasta das Infra-estruturas, o governo chegou a anunciar no Twitter que já estava a electrificar a linha do Douro até à Régua quando, na verdade, só o estava a fazer entre Caíde e Marco de Canaveses.

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