De uma exposição, dois arquitectos fizeram nascer um livro sobre as vilas urbanas de Lausanne

Filip dujardin
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Rui Filipe Pinto e Benoît Jaques fizeram nascer, há quatro anos, uma ideia que se viria a transformar num livro. Os dois arquitectos — um português, o outro francês — participaram, em 2019, no concurso do Forum d’Architectures Lausanne e ficaram em segundo lugar, mas a proposta que desenvolveram, “um estudo aprofundado das vilas urbanas de Lausanne, uma tipologia recorrente no tecido da cidade e que em muito contribui para a imagem da mesma”, prevaleceu.

No mesmo ano, foram convidados para assumir a curadoria de uma exposição e, a propósito da mesma, acabaram por “encontrar e produzir uma quantidade interessante de material” que não tinha “um destino evidente”, conta o arquitecto português ao P3. “Partir para um novo projecto ainda mais ambicioso, como um livro, pareceu-nos o caminho evidente e mais interessante, até porque durante as nossas incursões aos arquivos e pesquisas apercebemo-nos que não havia nenhuma obra dedicada a este tema no contexto ‘Lausannois’.” Com a ajuda do designer Chris Gautchy nasceu, então, o livro Villa Urbaine, l’exemple lausannois, publicado pela editora alemã Birkhäuser, e disponível também em inglês.

Mas porquê publicar um livro sobre vilas urbanas? “A vila urbana é um edifício residencial que respeita uma ordem não contígua, de três a cinco andares de altura, que compreende uma ou mais habitações distribuídas por uma caixa de escadas colectivas”, contextualiza o arquitecto que criou o atelier studiolo em Zurique. Nascida no final do século XIX, esta tipologia de edifícios “deixou a sua marca no planeamento urbano de certas cidades ou bairros e tem sido constantemente reinventada de forma a permanecer um instrumento urbano e arquitectónico fiável”. E se os dois termos, vila e urbano, são “aparentemente contraditórios”, representam “um compromisso entre urbanidade e paisagem aberta”. “No contexto de crise ecológica, esta tipologia também é interessante pela presença exuberante de espaço verde em redor do habitat, favorecendo assim uma maior permeabilidade dos terrenos e ajudando à moderação das altas temperaturas nas zonas urbanas”, refere o arquitecto.

Posto isto, e “tomando Lausanne como ponto de partida”, o livro “expande a investigação desta tipologia a outros contextos, estabelecendo relações de proximidade, mas também de diferença”. O livro baseia-se numa abordagem “local” e é composto por “uma série de elementos gráficos que representam Lausanne — a cidade aberta — e, em maior profundidade, oito vilas urbanas”, que os autores consideraram representativas da evolução deste arquétipo durante o início do século XX e os anos 30. Cada capítulo do livro “liga diferentes características das vilas urbanas”, descreve Rui Filipe Pinto: “A localização e a forma urbana, a organização espacial, a atmosfera dos interiores habitados, a posição das fachadas e a expressão interna in situ.”

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