Comprar felicidade dentro de frascos

O senhor Pombo é vendedor de felicidade. Cada comprador tem de escolher o tamanho do frasco. Há quem não queira ser consumidor.

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Marco Somà
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El vendedor de felicidad
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Capa do livro “O Vendedor de Felicidade”, editado pela Nuvem de Letras Marco Somà

Usa uma velha carrinha barulhenta, que se reconhece logo à distância por causa da sineta: “Dlim! Dlim! É o senhor Pombo, o vendedor de felicidade.”

Para os que não acreditam que a felicidade se possa vender, explica-se logo na primeira página que é “claro” que sim. “Em frascos pequenos, grandes e de tamanho familiar.”

Depois, o leitor pode acompanhar o vendedor às magníficas casas dos seus clientes. A senhora Codorniz quer um frasco grande, “para dividir com os amigos quando vêm jantar”, a senhora Carriça só tem dinheiro para comprar um pequeno, a senhora Chapim fica com seis, “tem muitos filhos”, e a “senhora Poupa compra uma dúzia de miniaturas, para fazer presentes de Natal”.

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Há quem já seja feliz, mas queira ficar com um frasco de reserva. É o caso do senhor Felosa, que “tenta negociar o preço”. Mas o vendedor diz-lhe que não há descontos: “A felicidade não se entrega a metade do preço!”

O senhor Estorninho não quer felicidade. “É um artista (ou, pelo menos, julga sê-lo) e receia que seja prejudicial para as suas aspirações (já se sabe: o artista deve sofrer).”

Quando o senhor Pombo acaba o negócio e parte na sua carrinha barulhenta, deixa para trás um frasco. O senhor Rato recolhe-o e, felicíssimo, leva-o para casa. “Um frasco vazio era mesmo o que queria.”

Simplicidade e ternura caminham juntas numa atmosfera envolvente dada pelas cores quentes e pormenores das ilustrações de Marco Somà. Um ambiente encantatório e luminoso, dominado por árvores, musgos, todo o tipo de vegetação e casas-ninhos de arquitectura variada e sonhadora. Gostamos do engenho em que o distinto e educado senhor Pombo se transporta. Também o rosto e a plumagem das aves cativam o olhar de quem tem a sorte de abrir este livro. Não estamos a exagerar.

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Um tema universal e para qualquer idade

Marco Somà é italiano, nasceu em 1983, estudou Pintura e aprofundou os estudos em Ilustração na Ars em Fabula (Macerata). Trabalha como freelancer e ministra cursos de Técnicas de Pintura e BD na Academia de Belas-Artes de Cuneo. Várias das suas obras têm sido seleccionadas pela Feira do Livro Infantil de Bolonha (2011, 2013, 2014, 2016), mas também por festivais de ilustração em Bratislava e Nova Iorque.

Davide Cali, que escreveu a história, nasceu na Suíça, em 1972, e estudou Contabilidade. No entanto, haveria de dedicar-se às palavras e à ilustração. Com 22 anos, começou a colaborar com a revista italiana Linus, como autor-ilustrador de BD.

Os seus livros já ganharam prémios importantes, caso do álbum Eu Espero (editado em Portugal pela Bruaá e o nosso preferido), com o Baobab 2005, do Salão de Montreuil. Piano, Piano foi distinguido com uma menção especial do júri no Prémio Words and Music 2006, da Feira Internacional de Bolonha. Tem livros traduzidos em mais de 30 países e, segundo a editora, “é um ávido guitarrista e membro fundador da banda The Bacon Brothers”.

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Juntos, Cali e Somà, criaram algo que irá comover qualquer leitor, de qualquer idade. Um tema universal emoldurado e ampliado por belas ilustrações. Esperemos que os leitores se sintam felizes, mesmo diante de um frasco vazio.

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