Ghislaine Maxwell era a “dona da casa”, testemunha ex-funcionário de Epstein

O testemunho de Juan Alessi surge no quarto dia do julgamento de Maxwell. Os promotores dizem que a mulher, hoje com 59 anos, recrutou e preparou raparigas, ainda menores para serem abusadas por Jeffrey Epstein entre 1994 e 2004.

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Ghislaine Maxwell à chegada ao tribunal Reuters/JANE ROSENBERG
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A psicóloga Lisa Rocchio a testemunhar sobre o comportamento das crianças abusadas sexualmente Reuters/JANE ROSENBERG
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Maxwell a conversar com a sua irmã que está a assistir ao julgamento Reuters/JANE ROSENBERG
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Ghislaine Maxwell tira notas durante o julgamento Reuters/JANE ROSENBERG

Ghislaine Maxwell era a “dona da casa” na propriedade do agora falecido multimilionário Jeffrey Epstein em Palm Beach, testemunhou um ex-funcionário, durante o julgamento por abuso sexual da socialite britânica, no tribunal federal de Manhattan nesta quinta-feira.

Juan Alessi, que trabalhou a tempo integral para Epstein, de 1991 a 2002, disse que Maxwell estava com Epstein “95% do tempo” na propriedade. Maxwell, a quem chamava de a “namorada do Sr. Epstein”, supervisionava-o e aconselhava-o a não olhar nos olhos do financeiro, conta o ex-empregado, de 71 anos. “Jeffrey não gostava de ser olhado nos olhos”, continua Alessi, dizendo que Maxwell o aconselhava a "olhar para outra parte da sala e responder”.

O testemunho de Alessi surge no quarto dia do julgamento de Maxwell. Os promotores dizem que a mulher, hoje com 59 anos, recrutou e preparou raparigas, ainda menores para serem abusadas por Epstein entre 1994 e 2004, e participou em alguns desses encontros sexuais. Ghislaine Maxwell, filha do falecido barão dos media britânicos Robert Maxwell, declarou-se inocente de oito acusações de tráfico sexual e outras.

Os seus advogados dizem que a acusação a está a usar como bode expiatório porque Epstein morreu, na cadeia, em Manhattan, em 2019, aos 66 anos, enquanto aguardava julgamento por acusações de abuso sexual.

Esperava-se que o depoimento de Alessi continuasse na tarde desta quinta-feira. Num caso civil anterior contra Maxwell, Alessi testemunhou que a mulher preparava uma lista de lugares onde ir com o objectivo de recrutar meninas para massajar Epstein, e que ele frequentemente a levavaa esses sítios, mostram os arquivos do tribunal.

No início desta semana, os jurados ouviram o testemunho de uma mulher, com o pseudónimo de Jane, que testemunhou que Ghislaine Maxwell a preparou para ser abusado por Epstein, quando tinha 14 anos em meados da década de 1990. E que a mulher, às vezes participava desses encontros sexuais e tocava nos seus seios.

Os advogados de Maxwell procuraram destacar as discrepâncias entre o testemunho de Jane e suas interacções anteriores com a polícia, nas quais ela não discutiu o papel de Maxwell. Os advogados de Ghislaine Maxwell disseram que Jane e outras testemunhas de acusação receberam pagamentos de um fundo criado pelo espólio de Epstein para indemnizar as vítimas. O fundo começou em meados de 2020 e encerrou o seu processo de reivindicações em Agosto de 2021, depois de doar mais de 121 milhões de dólares (perto de 107 milhões de euros) a cerca de 138 pessoas.

Na sua declaração de abertura, na segunda-feira, a advogada de Maxwell, Bobbi Sternheim disse que os acusadores poderiam “aumentar” as suas indemnizações ao cooperarem com a acusação. 

Ainda esta quinta-feira, a psicóloga Lisa Rocchio testemunhou como especialista sobre como as vítimas de abuso sexual, menores, costumam ser “tratadas” por agressores que elas conhecem bem. Jane disse que Maxwell a levava ao cinema e perguntava-lhe sobre namorados. O testemunho de Rocchio pode reforçar o argumento do governo de que este tipo de comportamento não foi inocente. “Quando as crianças são abusadas sexualmente, na maioria das vezes isso não é feito por meio do uso de força física, mas por meio de aliciamento e coerção no contexto de um relacionamento”, disse a psicóloga, referindo-se geralmente ao aliciamento e não a Maxwell especificamente.